O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), informou nesta sexta-feira (6/09) que os pilotos do avião da Voepass que caiu em Vinhedo (SP) no mês passado reportaram problemas no sistema antigelo logo no início do voo.
Especialistas civis que analisaram as circunstâncias do acidente disseram que o acúmulo de gelo nas asas é uma das hipóteses para a queda do avião.
O relatório preliminar do Cenipa aponta a existência de muito gelo em parte da rota de aeronave, mas reforça que avião e tripulação estavam tecnicamente habilitados para voar.
Membros do órgão detalharam como aconteceu o acidente, mas reforçaram que ainda é cedo para definir as causas da tragédia. As investigações continuam em andamento.
O investigador-encarregado do Cenipa, tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, relatou que os “tripulantes comentam sobre falhas no sistema de boot das asas [responsáveis por quebrar o gelo]”. Segundo a autoridade, piloto e copiloto comentam por duas vezes no voo de uma hora e alguns minutos sobre o gelo.
O relatório diz que, às 12h15min42s (de Brasília), um tom de alarme único foi ouvido na cabine. Na sequência, os tripulantes comentaram sobre ter ocorrido uma mensagem de “Fault” no airframe de-icing — um sistema antigelo da aeronave.
Segundos depois, esse sistema foi desligado. Ao longo de minutos seguintes, o sistema de detecção de gelo exibiu e deixou de exibir sinal de alerta diversas vezes. Às 13h20, copiloto comentou: “bastante gelo”. Cinco segundos depois, o sistema antigelo foi ligado pela terceira vez. Às 13h21min09s, o controle da aeronave foi perdido e ela ingressou em uma atitude de voo anormal até colidir contra o solo.
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Sem confirmação de dados
O chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, disse que a aeronave estava apta para voar nessas condições meteorológicas, segundo os parâmetros da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). O militar disse, porém, que ainda não foi confirmado por dados.
O relatório aponta que:
- Aeronave estava certificada para voar em condições de formação de gelo
- Tripulação estava qualificada e possuía experiência para esse tipo de voo
- Informações meteorológicas disponíveis antes do horário da decolagem
- Voo em condição de formação de gelo severo
- A tripulação não declarou emergência
- Perda de controle de aeronave durante o voo em condições de formação de gelo
O relatório confirma que o piloto do ATR da Voepass não declarou emergência para a torre de controle para fazer um pouso alternativo por causa da formação severa de gelo na asa da aeronave. Em situações adversas, o piloto tem autonomia para descer de nível, por exemplo, e com uma temperatura externa mais elevada, evitar o problema.
Registros de manutenção
Fróes afirmou que os registros técnicos de manutenção do avião estavam atualizados, e que o certificado de verificação de aeronavegabilidade também estava válido. Além disso, ele disse que os pilotos tinham treinamento específico para voar em condições de gelo.
O relatório final do Cenipa não tem prazo para ser divulgado, mas deve ser concluído em um ano. Os relatórios do Cenipa não apontam culpados, mas o conjunto de fatores que levaram ao acidente. A partir disso, são emitidas recomendações e determinações para melhorar procedimentos, o projeto da aeronave, ou outros aspectos técnicos.
*com informações do O Globo e Estadão.
