Dias após uma turista estrangeira ter denunciado que sofreu estupro coletivo dentro de uma boate na Lapa, região central do Rio, outra mulher procurou a Comissão da Mulher da Assembleia Legislativa fluminense para contar que também foi abusada dentro do mesmo estabelecimento comercial. O caso dela teria acontecido em novembro passado.
Essa segunda suposta vítima é brasileira e contou que foi ao Portal Club, na Rua do Lavradio, para ver o show de um grupo de pagode durante uma festa open bar (com bebidas alcoólicas de graça). Ela afirma ter ingerido uma quantidade de bebida a que estava habituada, mas mesmo assim ela diz ter passado mal e se sentido zonza.
A seguir, ela disse ter ido ao banheiro e a partir daí não tem memória sobre o que se passou. “Acordei no quarto preto, com um homem na minha frente, (e) um homem do meu lado sem calça”, narrou, em entrevista à TV Globo.
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A mulher também afirmou:
“Quando fui urinar, saíram algumas coisas pelas minhas partes, um líquido pelas minhas partes. Assim que eu saí, veio uma funcionária e perguntou: ‘Você sabe onde você estava?’, ‘Não, não sei’. ‘Você estava num dark room (quarto escuro)’. Mas eu nunca entraria no dark room”.
Ainda segundo a mulher, ela registrou o caso na Polícia Civil e tentou fazer exame no Instituto Médico Legal, mas não pode ser atendida, segundo conta, porque só havia homens prestando atendimento.
Procurada, a boate Portal Club ainda não se manifestou. Em relação à primeira denúncia, o estabelecimento publicou nota, onde diz que “repudia veementemente e nunca irá apoiar qualquer forma de intolerância, opressão ou violência contra as mulheres”, e que está cooperando com as investigações.
Na quarta-feira, 3/4, a Polícia Civil fez perícia na boate e recolheu as imagens das câmeras de segurança para tentar identificar o que ocorreu dentro do estabelecimento na madrugada do último domingo e, se tiver havido estupro, quem são os autores.
A boate foi interditada na noite de quinta (4/4), pela Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro (Seop). O Corpo de Bombeiros já havia informado que o local estava com a situação irregular, já que não tinha o Certificado de Vistoria Anual (CVA), que garante a segurança contra incêndio e pânico.
Em nota, a Seop diz que o local permanecerá fechado “até o encerramento das investigações pela polícia”.
A mulher também afirmou ter cobrado assistência da boate, mas não recebeu ajuda. Ela disse:
“Entrei em contato com a boate, até hoje não me responderam e até hoje tenho dor. Não tem um dia que eu fique com uma noite tranquila. Eu creio que sejam vários casos, porque, se tentaram persuadi-la (a suposta vítima estrangeira) para não dar queixa, ele me humilhou. O funcionário da casa tentou me fazer acreditar que a culpa era minha, porque eu estava realmente bem zonza”.
A turista estrangeira, de 25 anos, não teve o nome nem a nacionalidade revelada. Ela já voltou ao seu país de origem. Na carta em que deixou relatando a situação, ela escreveu:
“Não sei se haverá justiça ou não. (Mas) Espero que a minha história ajude outras mulheres que passaram pela mesma coisa a serem encorajadas a falar, que saibam que não estão sozinhas”.
*Com informações de UOL e Metrópoles