A Argentina, do presidente de extrema direita Javier Milei, recuou e formalizou sua adesão à Aliança Contra a Fome e a Pobreza do G20. Isso somente após o lançamento oficial do programa, ocorrido no início da cúpula do grupo, no Rio de Janeiro.
A iniciativa, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já contava com 81 países signatários no momento do anúncio, além de organizações internacionais, instituições financeiras e ONGs.
No documento, entre outros temas, há um pedido por cessar-fogo na Faixa de Gaza, além de uma menção ao interesse por paz na Ucrânia. A declaração dos líderes no G20 tem 24 páginas nas quais são abordados 85 pontos.
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Na declaração final, há três prioridades: inclusão social e combate à fome e à pobreza; desenvolvimento sustentável, transições energéticas e ação climática; e a reforma na governança global.
No entanto, o governo de Javier Milei publicou uma carta afirmando que a assinatura do país está “dissociando-se parcialmente de todo o conteúdo vinculado à Agenda 2030”.
Veja carta na íntegra:
“COMUNICADO OFICIAL
Cidade de Buenos Aires, 18 de novembro de 2024. – A Presidência da República destaca a participação da República Argentina na Cúpula do G-20 no Rio de Janeiro. Pela primeira vez desde que faz parte, o Governo Nacional assinou a declaração dos presidentes dissociando-se parcialmente de todo o conteúdo vinculado à Agenda 2030.
Os organismos e fóruns internacionais, como o G-20, foram criados com o espírito de que todas as nações envolvidas pudessem reunir-se para cooperar de forma voluntária, em condições de igualdade e autonomia, para, entre outras coisas, salvaguardar os direitos básicos das pessoas.
No entanto, hoje, quase 70 anos após a criação deste sistema de cooperação internacional, chegou a hora de reconhecer que este modelo está em crise, pois há tempos não cumpre seu propósito original.
Por isso, sem obstruir a declaração dos demais líderes, o Presidente Javier Milei deixou claro, em sua participação no G-20, que não apoia vários pontos da declaração, entre eles: a promoção da limitação da liberdade de expressão nas redes sociais, o esquema de imposição e violação da soberania das instituições de governança global, o tratamento desigual perante a lei e, especialmente, a ideia de que uma maior intervenção estatal seria a forma de combater a fome.
Todas as vezes que se tentou combater a fome e a pobreza com medidas que aumentavam a presença do Estado na economia, o resultado foi o êxodo tanto da população quanto do capital, além de milhões de mortes humanas.
Na luta contra esses flagelos, o Presidente Javier Milei tem uma posição clara: se queremos combater a fome e erradicar a pobreza, a solução está em retirar o Estado do meio. É necessário desregular a atividade econômica para liberar o mercado e facilitar o comércio, permitindo que o intercâmbio voluntário de bens e serviços traga prosperidade. O capitalismo de livre mercado já tirou da pobreza extrema 90% da população global e duplicou a expectativa de vida.
Por isso, o Presidente Javier Milei conclama todos os líderes mundiais a seguirem esse caminho, que na Argentina já está dando resultados após décadas de sofrimento causado pela fome e pela miséria provocadas pela intervenção estatal. Este governo mantém a fé e a esperança de que a comunidade internacional volte a se alinhar com os princípios que deram origem a tudo.
Presidência da República Argentina”