Levantamento com base em dados do Exército e obtido pelo Instituto Sou da Paz revela que o número de pessoas que obtiveram licença de colecionador, atirador esportivo e/ou caçadores, os chamados CACs, aumentou 262% entre julho de 2019 e março deste ano.
Entre 27 de julho de 2019, primeira vez que este dado foi obtido, e 29 de março de 2022, data com o número mais atualizado disponível, o aumento de pessoas licenciadas para ter armas foi de 167.390 para 605.313 pessoas. A diferença, de 437.923, representa uma média de 449 indivíduos com registro de CAC a cada 24 horas.
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A legislação atual permite que os atiradores comprem até 60 armas, sendo que 30 de uso restrito, como fuzis, além da compra anual de até 180 mil balas. Os caçadores podem comprar até 30 armas, 15 delas de uso restrito e até seis mil balas. Já para colecionadores, a lei não impõe um limite. Diz apenas que eles podem comprar até cinco peças de cada modelo de arma, e também seis mil balas.
De acordo com o Portal da Transparência, as mais de 605 mil pessoas com registro de CAC no Brasil superam os efetivos, somados, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. As três forças armadas juntas totalizam atualmente 354,6 mil militares na ativa.
Sobre os dados do levantamento, o gerente do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, afirmou:
“Cada uma dessas pessoas, que estão andando armadas, pode comprar até 60 armas de fogo, incluindo 30 de calibre restrito, que podem ser fuzis, por exemplo. São pessoas que estão podendo carregar munição em casa, um tipo de munição que não é rastreável. Então, a gente está falando também de um acesso a um tipo de munição que é mais potente, muitas vezes, do que a polícia e do que as forças armadas estão utilizando no dia a dia”.