O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao Ministério da Cultura (MinC), informou nesta sexta-feira (7/2) que contratará obras emergenciais para a Igreja de São Francisco de Assis, localizada no Pelourinho, em Salvador. As intervenções ocorrerão por dispensa de licitação, após o desabamento do teto do templo, ocorrido na última quarta-feira (5), que resultou na morte da turista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, e deixou cinco pessoas feridas.
Obras emergenciais e força-tarefa
Segundo o Iphan, os trabalhos emergenciais envolverão escoramento, estabilização, segurança do monumento e remoção de escombros, garantindo condições para a futura restauração do patrimônio histórico.
O presidente do instituto, Leandro Grass, visitou o local ainda na quarta-feira (5) e, no dia seguinte, participou de reuniões com a ministra da Cultura, Margareth Menezes, além de técnicos do Iphan e representantes da Defesa Civil, Polícia Civil da Bahia e Polícia Federal.
“Estamos contratando uma obra emergencial para garantir a segurança da estrutura e remover os escombros de forma criteriosa. Esse material será analisado para subsidiar futuras intervenções”, afirmou Grass.
Apesar da urgência, o Iphan informou que não há previsão para o início da restauração, pois as perícias ainda estão em andamento. Além disso, a reabertura do templo ao público segue sem estimativa.
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Na segunda fase das providências, a equipe técnica do instituto está realizando diagnóstico, catalogação, higienização e armazenamento de bens artísticos que serão restaurados e remontados.
A ministra Margareth Menezes lamentou o ocorrido e garantiu que a igreja será reconstruída. “Como soteropolitana, sinto profundamente o que aconteceu. Essa igreja é um patrimônio inestimável”, declarou.
Sinal de alerta antes do desabamento
Segundo o Iphan, dois dias antes do acidente, o responsável pela igreja, Frei Pedro Júnior Freitas da Silva, solicitou uma avaliação urgente devido a uma dilatação no forro do teto. A vistoria estava agendada para quinta-feira (6), mas o teto desabou antes da chegada dos técnicos.
O instituto negou ter sido alertado pelos órgãos locais, como a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, de que a situação representava uma emergência.
Em nota, o Iphan esclareceu que a responsabilidade pela manutenção do patrimônio tombado pertence aos proprietários do imóvel, sendo que, no caso da Igreja de São Francisco de Assis, a administração cabe à Ordem Primeira de São Francisco. O instituto atua na fiscalização e preservação do patrimônio, enquanto estados e municípios também têm responsabilidade na conservação.
Histórico de problemas e investimentos recentes
O descaso com a manutenção da igreja não é recente. Em março de 2022, o Iphan já havia autuado a Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil pela degradação da estrutura e falta de conservação do patrimônio tombado.
Nos últimos anos, o governo federal investiu R$ 4,1 milhões na restauração dos painéis de azulejaria portuguesa da igreja, concluída em 2023. Além disso, estava em andamento a elaboração do projeto de restauração total da igreja e do convento, orçada em R$ 1,2 milhão.
Patrimônio histórico e cultural
A Igreja e o Convento de São Francisco de Assis foram tombados pelo Iphan em 1938 e fazem parte do Centro Histórico de Salvador, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade.
Construída entre os séculos 17 e 18, a igreja é um dos principais exemplos do barroco brasileiro e foi eleita uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. O conjunto arquitetônico é famoso por seu interior ricamente ornamentado com talhas de madeira dourada e azulejaria portuguesa, que retratam o nascimento de São Francisco.
Localizada no Largo do Cruzeiro de São Francisco, a igreja é um dos pontos turísticos mais visitados de Salvador. Agora, com o desabamento de sua estrutura, seu futuro depende das investigações e dos esforços de restauração.