A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) anunciou que está na etapa final de ensaios clínicos da primeira vacina no mundo contra esquistossomose, doença conhecida popularmente como “barriga d’água” e que é causada por infecção por um verme, de nome científico Schistosoma mansoni.
A Fiocruz agora aguarda pré-qualificação pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O imunizante é o primeiro desenvolvido no mundo contra um helminto, grupo de vermes parasitários responsáveis por cerca de 1 a cada 6 das chamadas doenças tropicais negligenciadas, segundo o órgão de saúde.
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A vacina, chamada Schistovac (Sm14), foi desenvolvida com tecnologia brasileira, produzida no Laboratório de Esquistossomose Experimental do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). O estudo da vacina foi fruto de uma PPP (parceria público privada) entre o instituto e a empresa americana Orygen Biotecnologia S.A. para o desenvolvimento e produção da vacina humana. Ela foi desenvolvida a partir do antígeno – ou a molécula contra a qual se deseja gerar uma resposta imune – descoberto e isolado no laboratório da Fiocruz.
Nos testes humanos, a vacina se mostrou segura e bem tolerada, sendo o principal efeito dor no local da injeção e sem a ocorrência de eventos adversos graves.
A transmissão da esquistossomose ocorre quando o indivíduo, hospedeiro definitivo, infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes humanas. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários que vivem nas águas doces. Após quatro semanas, as larvas abandonam o caramujo na forma de cercarias e ficam livres nas águas naturais. O ser humano adquire a doença pelo contato com essas águas.
Entre 2010 e 2022, foram registrados 10.731.884 exames para esquistossomose ao redor das áreas endêmicas do País. As regiões Nordeste e Sudeste são as que apresentam maior número de casos da doença.