O Ministério da Saúde confirmou, neste sábado (3/08), a morte de um feto, em Pernambuco, por causa de transmissão vertical da febre oropouche. Esse é o primeiro caso no mundo.
A transmissão vertical consiste em uma infecção que acontece a partir da mãe para o seu feto no útero.
A gestante é moradora da cidade de Rio Formoso, tem 28 anos e estava na 30ª semana de gestação – sete meses de gravidez. Ela apresentou sintomas similares aos de febre oropouche, além de ter tido contato recente com uma pessoa que foi diagnosticada com a doença.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que o quadro físico de saúde da mulher evoluiu positivamente e que ela passa bem. Para confirmar a causa da morte, foram utilizados exames RT-PCR e imunohistoquímico.
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O que diz o Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde comunicou que enviará aos estados e municípios uma nota técnica com orientações para a metodologia de análise laboratorial, vigilância e a assistência em saúde sobre condutas recomendadas para gestantes e recém-nascidos com sintomas compatíveis com oropouche.
Oito casos de transmissão vertical da oropouche ainda estão em investigação no Brasil. São quatro em Pernambuco, um na Bahia e três no Acre.
Das ocorrências, quatro evoluíram para óbito fetal e outros quatro tiveram consequências de anomalias congênitas, como a microcefalia.
Segundo o ministério, 7.286 casos de oropouche já foram confirmados no Brasil, com duas mortes registradas na Bahia.
O que é a febre oropouche?
Segundo o infectologista Marcelo Neubauer, a doença é uma arbovirose transmitida pela picada de um borrachudo, o Culicoides Paraense, e apresenta um mecanismo de transmissão parecido com o da dengue. A grande diferença entre as duas, segundo o especialista, é que a oropouche conta com animais que podem ser seus hospedeiros. No caso da oropouche também, a contaminação acontece apenas em algumas áreas do país que são endêmicas, como a Amazônia, por exemplo.
A febre oropouche foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1960. Depois disso, foram relatados casos isolados e surtos, principalmente na região amazônica. Também ocorreram registros da doença no Panamá, na Argentina, Bolívia, no Equador, Peru e na Venezuela. Com a ampliação da investigação da infecção no país, foram confirmados 7.044 casos, com transmissão local em 16 estados.