As investigações e depoimentos dos presos no Mato Grosso suspeitos da participação no duplo assassinato da candidata a vereadora em Porto Esperidião (MT), Rayane Alves Porto, e da irmã dela, Rithiele Alves Porto, revelaram que o crime teria sido conduzido e ordenado por um suposto líder da facção Comando Vermelho (CV).
Conforme os depoimentos, o líder da facção criminosa é conhecido como Véio, e está detido na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá.
Os assassinatos, ocorridos na madrugada de sábado (14/9), teriam sido motivados por uma foto tirada uma semana antes e publicada por Rayane nas redes sociais, na qual ela e a irmã, no entendimento dos faccionados, estariam fazendo o sinal da facção rival Primeiro Comando da Capital (PCC).
Desde então, Rithiele e Rayane, que concorria pela primeira vez a um cargo público na cidade, ficaram marcadas pelo grupo. A imagem, registrada em um momento de lazer em família, no Rio Jauru, no dia 8 de setembro, circulou no grupo de WhatsApp do CV. Os sinais feitos por elas com a mão, mostrando três dedos em evidência, foram vistos como um suposto apoio ao PCC.
De dentro do presídio, o líder do CV na região, identificado como Véio nos depoimentos, teria ordenado o sequestro das jovens, conduzido por chamada de vídeo a tortura sofrida por elas em uma casa no Centro de Porto Espiridião e, em seguida, determinado as mortes.
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Em seu relato à polícia, após ser preso, Rosivaldo Silva Nascimento, o Badá, de apenas 19 anos, apresentou-se como um faccionado do Comando Vermelho e disse que havia sido o líder da missão (sequestro, tortura e morte das duas irmãs). Segundo ele, a ordem foi repassada pelo grupo da facção, por uma pessoa de dentro da PCE, chamada Véio.
Com a foto das irmãs em mãos, o grupo de Badá as identificou em uma festa que ocorria na cidade, na noite de sexta para sábado. Elas foram abordadas no local, questionadas sobre a foto publicada nas redes sociais e conduzidas, sob ameaça, até uma casa localizada na Rua Marechal Cândido, Centro de Porto Esperidião.
No local, Rosivaldo fez uma chamada de vídeo com Véio e, pelo celular, o tal líder do CV na região conduziu todo o processo de tortura e morte. Conforme os interrogatórios dos suspeitos presos, primeiro ele mandou cortar o cabelo das irmãs com uma faca e, em seguida, pediu R$ 100 mil para libertá-las com vida.
Sem a garantia do dinheiro, Véio mandou, então, cortar os dedos das vítimas. Rayane foi a primeira a ser torturada dessa forma. Ao todo, conforme o relato de Rosivaldo, o líder do CV ordenou o corte de três dedos da mesma mão da candidata.
Em seguida, a irmã Rithiele passou pelo mesmo processo. Os corpos de ambas, mortas a facadas, foram encontrados pela polícia em um dos quartos da residência, assim como mechas de cabelo e os dedos cortados. A chamada de vídeo com Véio teria durado em torno de três horas.
Quando as duas irmãs foram abordadas na festa, elas estavam na companhia do irmão mais velho, Roebster Alves Porto, do namorado de Rithiele e de um amigo. Os três rapazes também foram conduzidos pelo grupo de faccionados para a tal casa no centro da cidade. Ao chegarem ao local, os irmãos foram colocados em um quarto separado dos demais sequestrados.
Roebster também aparece na foto da família que o Comando Vermelho passou a utilizar como referência de suposto apoio ao PCC. Diante disso, ele também foi alvo de tortura física. De acordo com os depoimentos, o rapaz teve uma orelha e um dedo cortados pelos criminosos, mas foi encontrado com vida quando a polícia chegou ao local. Ele está hospitalizado e com quadro de saúde considerado estável.
*Com informações do Metrópoles