Estudo publicado na Acta Amazonia, revista científica do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), revela que a elevação da temperatura e a redução da umidade ocorridas na Amazônia devido ao El Niño nos anos de 2015 e 2016 diminuíram a produção de frutos da castanha-do-pará (chamada também de castanha-da-amazônia e castanha-do-brasil) desde 2017.
O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico que ocorre quando a temperatura das águas do oceano Pacífico Equatorial fica mais quente do que a média normal, influenciando no calor e umidade de várias regiões do mundo. No período analisado, o fenômeno foi o mais intenso dos últimos 50 anos e fez com que a região amazônica tivesse uma temperatura máxima mensal de 2,1°C maior em relação à média máxima normal de outros anos.
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Uma das conclusões do estudo que serviu de base para o artigo da Acta Amazonia, o TCC da engenheira florestal Dayane Pastana junto a Embrapa do Amapá, afirma que “as castanheiras apresentam distúrbios fisiológicos e tem a produção de frutos afetada quando submetidas a condições de mudanças extremas na temperatura e precipitação”.
Segundo ela, a redução drástica na produção de frutos de castanha-da-amazônia em 2017 foi observada em toda Pan-amazônia e está diretamente relacionada com o aumento da temperatura média do oceano pacífico em mais de 2°C. Os pesquisadores observaram que a produção média por castanheira em 2017 foi oito vezes menor que em 2015.
O estudo de Pastana afirma:
“É importante entender quais os reais efeitos que essas mudanças podem gerar no comportamento e sobrevivência da castanheira-da-amazônia (castanheira-do-pará), espécie tão importante para a conservação do bioma e para a vida dos amazônidas. É importante verificar, inclusive, se existem matrizes mais resistentes a essas alterações para serem utilizadas em experimentos de propagação e melhoramento genético”.