Com a volta às aulas e o fim do carnaval, junto com a explosão dos casos de dengue, o país deve enfrentar uma nova onda de crescimento nos registros de covid-19. Enquanto especialistas reconhecem a gravidade da doença, governantes tentam dispensar a exigência da vacinação na matrícula escolar.
Dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), na última quinta-feira (12/02), apontam uma curva ascendente da covid-19. Segundo o levantamento, o país registrou 187 mil casos nas seis primeiras semanas epidemiológicas. E há 1.127 óbitos confirmados. Para efeitos de comparação, o Brasil acumula 555 mil casos de dengue, com 94 mortes confirmadas, segundo o Ministério da Saúde.
“A gente percebe um aumento, não muito grande de casos, mas que temos que acompanhar. A covid, diferentemente da dengue, se converte em muito mais internações e mortes. O impacto do carnaval, a gente vai verificar em uma ou duas semanas, vamos ver se vai ser importante na aceleração do número de casos. A aceleração já estava acontecendo antes, mas é importante dizer que o carnaval tem uma vantagem, pois, apesar de ter aglomerações, é uma festa de rua. Ocorre em locais abertos, isso reduz a transmissão da doença”, avalia o presidente do Conass, o secretário da Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti.
Baccheretti reconhece que as novas variantes da ômicron são mais contagiosas, mas aponta que a vacinação vem ajudando no bloqueio de uma nova onda como as que aconteceram na pandemia. “A transmissão está bem bloqueada pela vacina e pela imunidade da própria doença, seguimos acompanhando, mas ainda não há sinais de que teremos uma sobrecarga do sistema de saúde”, disse.
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O virologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Bergmann Morais Ribeiro é menos otimista quanto ao impacto do carnaval. Ele aponta que é fundamental vencer a resistência à vacinação:
“No carnaval, como tem um acúmulo de pessoas na rua, a tendência é de que haja um aumento na transmissão tanto da covid quanto da dengue. A covid está matando mais do que a dengue porque muita gente ainda não se vacinou”, aponta.
Os especialistas apontam que o número de casos de covid ainda deve ser bem maior do que o registrado nas estatísticas governamentais. Isso porque muitos pacientes recorrem a autotestes e, sem complicações, permanecem em casa sem comunicar o diagnóstico.
Com a mortalidade se concentrando mais entre os idosos e pessoas com comorbidades, é entre as crianças não vacinadas que se encontra uma das maiores taxas de hospitalização, aponta o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Renato Kfouri:
“(A covid) Continua sendo um problema de saúde pública, mil mortes por mês, 800 mortes por mês. Nenhuma doença infecciosa faz tantas vítimas como a covid-19. É um avião por semana caindo”, diz Kfouri.
A médica infectologista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luciana Costa também demonstrou preocupação com a vacinação das crianças:
“A vacinação de crianças ainda está muito baixa, menos de 10% das crianças até 4 anos de idade completaram o esquema vacinal. Todos devem procurar os postos de saúde e verificar se o esquema vacinal está completo”, disse a médica.
Este ano, o sistema vacinal contra a covid-19 está centrado em crianças de seis meses a cinco anos, grupos prioritários, como portadores de doenças específicas e pessoas que não completaram o esquema de vacinação básico de duas doses e o reforço da bivalente.
Amazonas
No Amazonas, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), da Secretaria de Estado de Saúde, apresentou na última quarta-feira (14/02), os boletins de cenário de Covid-19 e vacinação contra a doença no Estado. As informações são atualizadas às quartas-feiras e estão disponíveis no site da FVS-RCP, em: https://abre.ai/iTSh
A situação epidemiológica semanal da Covid-19, referente ao período de 4 a 10 de fevereiro de 2024, registra o diagnóstico de 254 novos registros. Não há registro de óbito pela doença nos últimos sete dias, mas há 1 óbito, ocorrido em janeiro, e encerrado por critério clínicos, de imagem, clínico-epidemiológico e laboratorial, elevando para 14.489 registro de novo óbito pela doença.
*Com informações do Correio Braziliense.