A cidade de Brasiléia, no Acre, na fronteira entre Brasil e Bolívia, se tornou símbolo da maior enchente no estado em sua história: o município teve 75% de sua área inundada pelas chuvas entre o final de fevereiro e este começo de março.
A cidade foi fundada em 1910 e essa foi a maior enchente que ela enfrentou em mais de 100 anos de história. Por causa disso, autoridades de Brasiléia se reuniram com autoridades do Governo Federal para pedir a realocação das construções para uma área mais alta.
A prefeita Fernanda Hansemm (PP), cuja casa também foi atingida pela cheia, afirmou:
“Infelizmente, essas mudanças climáticas não são mais fenômenos de longo espaço de tempo. Praticamente todo ano [uma cheia] virou realidade. Eu não queria dizer isso, mas é a quarta enchente em Brasileia em 12 anos. E cada uma vem em proporção muito maior que a anterior”.
O Governador do estado, Gladson Camelli (PP), apoiou a ideia de realocar a cidade:
“A gente precisa colocar a pedra fundamental da cidade em uma parte alta, se não, daqui a 11 meses voltamos ao mesmo cenário. O poder público não tem condições de conviver com isso. Vamos fazer esse apelo ao presidente Lula para que a gente consiga avançar”.
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Os ministros Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, e Waldez Góes, da Integração e do Desenvolvimento Regional, visitaram o município na segunda-feira (4/3) e ouviram o apelo do governador.
Gladson ainda defende que, para a realocação da cidade, seja feito um planejamento envolvendo as três esferas de poder. “Isso deve ser feito dentro do conceito de normas e diálogos com participação do Congresso”, disse.
A proposta deverá ser abraçada pela bancada do Acre no congresso. O senador Sergio Petecão (PSD) afirmou o seguinte sobre a questão:
“A bancada do Acre está empenhada e mantendo contato para fazer um plano de remanejar nossas cidades, levar prédios públicos a áreas altas das cidades. A bancada está disposta para avançar no plano de mudança climática”.
E a ministra Marina Silva, acreana, afirma que o governo federal já vem estudando medidas e planeja decretar emergência climática permanente em 1.038 municípios mapeados como mais vulneráveis aos efeitos dessas mudanças —entre elas, Brasiléia e outras cidades do Acre atingidas por cheias. Ela disse:
“Essa é uma realidade que vai se repetir de forma mais grave. Então trabalhamos nas causas, com tudo que pode diminuir o ritmo do aumento da temperatura; e, ao mesmo tempo, ações estruturantes para que cidades vulneráveis tenham intervenções continuadas ao longo dos anos para enfrentar o problema”.
*Com informações de UOL