Uma reportagem exibida pela TV Globo mostra atos de puro descaso e terror em um hospital localizado no centro de São Paulo. Médicos cirurgiões atuantes no Hospital Nossa Senhora do Pari estão usando furadeiras domésticas em operações ortopédicos. A prática, proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2008, foi flagrada em vídeos, e relatada por funcionários da unidade de saúde.
Nas imagens, é possível ver os equipamentos – usados para perfuração de paredes – sendo manuseados durante os procedimentos, alguns com marcas de sangue e fios desencapados. Segundo um funcionário, que preferiu não se identificar, o hospital possui entre cinco e nove furadeiras, muitas delas sem identificação da marca e com cabos remendados com fita isolante.
“Só vejo essas amarelas de parede mesmo. Elas são compradas porque são mais baratas, e a manutenção também custa menos”, afirmou a fonte.
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O uso de furadeiras domésticas em procedimentos cirúrgicos é considerado ilegal pela Anvisa, que exige que os equipamentos sejam registrados e próprios para uso médico. Segundo uma nota técnica emitida pelo órgão, a utilização de ferramentas sem certificação sanitária representa um grave risco à saúde e configura infração sanitária.
Além disso, normas de segurança hospitalar exigem que equipamentos cirúrgicos passem por higienização e esterilização adequadas. No entanto, de acordo com o flagrante feito dentro do hospital, o produto utilizado na limpeza das furadeiras é um detergente desengordurante, recomendado pelo próprio fabricante para uso em cozinhas e restaurantes.
A Secretaria Estadual da Saúde informou que o hospital tem autonomia administrativa e está sob gestão do município, acrescentando que a Vigilância Sanitária realiza inspeções na unidade.
O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) afirmou ter acionado o departamento de fiscalização e que abrirá uma investigação sobre o caso.
A Anvisa, por sua vez, declarou que só intervém em situações que extrapolam as competências dos órgãos municipais ou estaduais. A Prefeitura de São Paulo disse que não há denúncias contra o hospital, mas que o contrato pode ser rescindido caso irregularidades sejam comprovadas. Além disso, informou que o alvará sanitário da unidade é de responsabilidade do governo estadual. A direção do hospital não se pronunciou sobre o caso até o momento.
(*)Com informações do G1