A Venezuela convocou nesta quarta-feira (30/10) seu embaixador em Brasília para retornar ao país. A convocação de um embaixador significa um desagrado, uma repreensão de um país a outro na linguagem diplomática internacional.
Em comunicado, o governo venezuelano também classificou as falas do assessor da Presidência Celso Amorim sobre “quebra de confiança” entre Brasil e Venezuela como “declarações intervencionistas e grosseiras”.
Amorim falou ontem em audiência na Câmara dos Deputados, onde voltou a abordar a polêmica das eleições venezuelanas: O governo Lula insiste na necessidade de apresentação das atas eleitorais, que comprovariam o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), para reconhecer a vitória de Nicolás Maduro no pleito. Os documentos nunca foram apresentados publicamente.
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O governo Maduro citou especificamente Amorim no seu comunicado. O texto diz:
“Amorim tem se comportado mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano e se dedicado, de maneira impertinente, a emitir juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos e de suas instituições democráticas”.
A tensão entre os países voltou a se acirrar na semana passada, o Brasil se posicionou contra a entrada da Venezuela no Brics durante cúpula do bloco econômico realizada em Kazan, na Rússia.
Até o momento desta postagem, o governo brasileiro não reagiu à medida diplomática venezuelana.
Entenda o caso
No final de julho, o órgão eleitoral da Venezuela deu a vitória da eleição presidencial ao atual presidente, Nicolás Maduro. O resultado da eleição foi amplamente contestado, tanto internamente por opositores, quanto internacionalmente. O resultado do pleito gerou protestos por todo o país.
O Brasil não chegou a romper relações com a Venezuela, mas o presidente Lula falou várias vezes que só reconheceria a vitória de Maduro se as atas eleitorais fossem apresentadas publicamente, o que nunca ocorreu.
A oposição reuniu atas por conta própria que atestariam a vitória de Edmundo González, principal opositor ao atual presidente.
Desde então, Maduro e aliados têm dado declarações hostis contra o Brasil, membros do governo Lula e funcionários do Itamaraty.
Com informações de G1.