O ex-candidato à presidência da Venezuela, Edmundo González, e outros três políticos da oposição foram intimados a comparecer à sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) do país nesta quarta-feira (7). Na segunda, González se autoproclamou presidente do país, afirmando que venceu as eleições presidenciais venezuelanas no fim de julho, e conclamou a ajuda dos militares.
A intimação foi feita pela máxima instância judicial, após Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), entregar as atas de votação e outros documentos, entre eles as provas de um suposto ataque cibernético sofrido pelo órgão. Amoroso chegou por volta das seis horas da noite de segunda-feira (5) à sede do TSJ, e entregou à autoridade da sala eleitoral as atas de votação, de totalização definitiva e de proclamação, além de provas de um suposto ataque cibernético à página do CNE que o deixou fora do ar após as eleições.
O prazo de três dias, que venceu nesta segunda, foi dado pela autoridade judicial após a sessão da última sexta-feira, quando o TSJ pediu ao poder eleitoral as atas do pleito para certificar o resultado oficial da eleição que deu ao presidente Nicolás Maduro a vitória com 51,20% dos votos.
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No entanto, o resultado tem sido amplamente questionado por opositores e por vários países, que se recusam a aceitar Maduro sem a divulgação das atas eleitorais. Protestos por toda a Venezuela eclodiram desde então, levando a prisões de manifestantes e mortes.
Na tarde de segunda-feira, o procurador-geral Tarek William Saab informou que foi aberta uma investigação contra Edmundo González, de 74 anos, e Maria Corina Machado, de 56 anos, por suposta prática de vários crimes. Entre eles estão usurpação de funções, instigação à insurreição e conspiração.
O procurador teria decidido agir após a divulgação do comunicado às Forças Armadas, no qual Edmundo assina como presidente eleito da Venezuela. Ele indica que o texto “falsamente” apontava para “um ganhador das eleições presidenciais diferente do proclamado pelo Conselho Nacional Eleitoral, o único órgão qualificado para fazê-lo”.
Enquanto isso, nesta terça (6/8), Maduro pediu ao povo venezuelano que saia do WhatsApp. Segundo o presidente, o aplicativo é usado para “ameaçar a Venezuela”. Muitos integrantes de seu governo migraram para o Telegram por orientação do presidente.
Maduro também não mediu palavras ao comentar a recente decisão da União Europeia de não reconhecer o resultado das eleições venezuelanas: ele afirmou que “é uma vergonha a União Europeia, o senhor (Joseph) Borrell é uma vergonha”, disse ele, citando o alto comissário do bloco.
E por fim, Maduro também afirmou que mandou construir duas prisões para as duas mil pessoas que, segundo ele, já foram presas desde o início dos protestos. Ele chegou a ironizar ao prometer prisão aos opositores. “Não seja chorão, você vai para Tocorón”, disse em referência a uma das piores prisões do país.
Com informações de UOL.