O estudante croata Luka Krizanac, de 29 anos, está aprendendo agora a fazer tarefas consideradas triviais, como digitar no celular ou preparar café numa máquina de espresso. É que, até poucos meses, Luka não tinha mãos.
Médicos dos Estados Unidos divulgaram a história dele nesta sexta (13/6): Aos 12 anos, Luka sofreu uma infecção respiratória grave que evoluiu para sepse, a chamada infecção generalizada. Ele acabou sendo submetido a uma amputação parcial das duas mãos e dos dois pés, que necrosaram.
Neste ano, porém, 17 anos depois da amputação, ele conseguiu passar por um transplante duplo de mãos na Penn Medicine, nos EUA, e tem aos poucos recuperado parte dos movimentos.
A operação foi realizada no começo deste ano e durou cerca de 12 horas, envolvendo mais de 20 profissionais. A equipe médica ensaiou o processo por meses antes da execução. A complexidade inclui unir nervos, vasos, músculos e ossos com precisão.
Transplante de mãos é um procedimento considerado raro na medicina: foram feitos menos de 200 transplantes desse no mundo pelas dificuldades de manter as mãos transplantadas funcionais e sem risco de infecções.
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A vida após o transplante das mãos
Para Krizanac, viver sem mãos era mais desafiador do que viver sem pernas. As mãos são necessárias para milhares de atividades cotidianas essenciais, e as próteses que ele usava simplesmente não supriam suas necessidades tão bem quanto as próteses das pernas.
“Não acho que a pergunta seja ‘O que você não consegue fazer?’. É ‘Como você consegue viver?’. Com as pernas, você anda. Com as mãos, você faz milhares de coisas – comer, se cuidar, cozinhar, se expressar. Tentar compensar a falta dos braços com uma mão robótica de plástico é simplesmente impossível”, disse.
Ele e seus familiares nunca desistiram do sonho do transplante de mãos. Em 2018, cerca de uma década após ter perdido as mãos, uma série de conexões fortuitas levou Krizanac de sua casa na Suíça ao consultório do Dr. L. Scott Levin, na Filadélfia. Levin ficou impressionado com a postura do rapaz e decidiu ajudá-lo.
A operação precisou ser adiada por conta da pandemia de Covid. O programa de doação de órgãos Gift of Life depois encontrou mãos de um doador compatível, ainda por cima com o tom de pele, o tamanho e o gênero certos.
Hoje, Krizanac está se recuperando excepcionalmente bem, segundo Levin. Os nervos continuarão a crescer pelos braços dele, e a recuperação vai continuar evoluindo nos próximos anos. Ele ainda realiza 3 a 4 sessões de fisioterapia por semana, e toma medicamentos para evitar a rejeição dos tecidos, semelhantes aos que se toma após um transplante de rim.
“Quero tirar carteira de motorista, cuidar da minha própria vida. Agora, tenho duas mãos saudáveis. É apenas uma questão de tempo”, frisou.
*Com informações de CNN Brasil e Metrópoles.