A terrorista da facção do Exército Vermelho (RAF), Daniela Klette, de 65 anos, foi presa em Berlim sem resistência após mais de 30 anos de buscas.
A organização terrorista anticapitalista de extrema esquerda, também conhecida como “Grupo Baader-Meinhof” ou “Gangue Baader-Meinhof”, esteve ativa entre as décadas de 1970 e 1990 e executou pelo menos 33 assassinatos – entre as vítimas estavam políticos e empresários –, além de sequestros e atentados a bomba.
Promotores informaram nesta terça-feira (27/2), que a mulher foi presa na segunda-feira no bairro berlinense de Kreuzberg. A polícia encontrou munição no apartamento, de acordo com a mídia local.
Após a prisão, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, descreveu a a ação como um “grande sucesso para a polícia e as autoridades”. “O Estado de Direito demonstrou sua perseverança e firmeza. Ninguém deve se sentir seguro na clandestinidade.”
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Trio foragido
Klette, que passou a atuar em organizções extremsitas de esquerda em 1975, é suspeita de participação num ataque a tiros em 1991 contra a antiga embaixada dos Estados Unidos na cidade alemã de Bonn e de um atentado a bomba em 1993 contra uma prisão recém-construída em Weiterstadt.
No ataque ao presídio, cinco membros da RAF escalaram os muros da prisão, amarraram e sequestraram os guardas em uma van, depois voltaram para detonar explosões que causaram danos materiais de cerca de 600 mil euros, de acordo com os promotores alemães
Nos anos seguintes, Klette e mais dois companheiros, Ernst-Volker Staub (hoje com 69 anos) e Burkhard Garweg (55 anos), foram acusados de tentativa de homicídio e de vários roubos violentos cometidos, depois que eles passaram à clandestinidade após a dissolução oficial da RAF, em 1998.
Desde então, o judiciário alemão nunca parou de tentar rastrear o paradeiro dos três, conhecidos nesse meio tempo como “aposentados da RAF”. Staub e Garweg ainda são considerados foragidos.
Em 9 de fevereiro, a promotoria pública de Verden informou que novas provas haviam surgido nos últimos meses como resultado de várias ações, incluindo buscas nas casas dos parentes de Garweg.
Naquela época, o Ministério Público apontou que permanecia “incerto” se os réus – colocados na lista dos mais procurados da Europol em 2020 – estavam na Alemanha ou no exterior. Mais recentemente, em 14 de feveiro, o trio foi tema de um episódio do programa “True Crime” “Aktenzeichen XY… ungelöst” (“Arquivo XY… não solucionado”), do canal de TV ZDF, no qual membros do Ministério Público pediram aos telespectadores que enviassem à Justiça possíveis pistas sobre o paradeiro dos terroristas.
Roubos para financiar clandestinidade
Uma das hipóteses defendidas pelos investigadores é que o trio viveu na Alemanha pelo menos entre 1999 e 2016 com a ajuda de terceiros e cometeu vários roubos violentos nesse período, incluindo a supermercados e carros-fortes, não por motivos políticos, mas para financiar sua vida na clandestinidade.
Eles são suspeitos de estarem por trás do roubo fracassado a um transporte de dinheiro em 2016, perto da cidade de Bremen, no norte do país, entre outros crimes.
Naquele incidente, atacantes mascarados armados com fuzis automáticos AK-47 e um lançador de granadas abriram fogo, mas fugiram sem levar dinheiro quando os seguranças se trancaram dentro do veículo blindado, que transportava cerca de um milhão de euros.
A “terceira geração” da RAF foi responsável, entre outros, pelo assassinato em 1989, do presidente do Deutsche Bank, Alfred Herrhausen, em um ataque a bomba.
Os crimes da RAF
Nas décadas de 1970 e 1980, a RAF conduziu uma campanha de terror na então Alemanha Ocidental por meio de ataques e sequestros, com um total de mais de 30 assassinatos atribuídos ao grupo. As autoridades dizem que a RAF foi responsável por ferir outras 200 pessoas.
As atividades do grupo atingiram o ápice em meio a uma grande caçada aos membros da RAF no chamado Outono Alemão de 1977.
A RAF se declarou dissolvida em 1998 e não há evidências de que a antiga organização terrorista ainda esteja ativa.
*Com informações Efe, DPA e AFP