Pesquisadores brasileiros e europeus publicaram nesta sexta-feira (28) uma carta conjunta pedindo a restituição do Brasil do fóssil do dinossauro Irritator challengeri, atualmente na Alemanha. O crânio do dinossauro foi contrabandeado do Brasil.
O fóssil, considerado o crânio mais completo e preservado dos dinossauros de seu tipo, foi tema de um artigo científico publicado em maio deste ano por cientistas alemães e franceses. Desde 1996, esse fóssil é classificado como um holótipo —peça que serve como base para descrição de uma espécie e, portanto, sua importância para a ciência é ímpar.
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Neste artigo, os pesquisadores europeus reconheciam o “status possivelmente problemático” do fóssil: ele foi comprado pelo Museu Estadual de História Natural de Stuttgart de um comerciante de fósseis em 1991. O comerciante, por sua vez, teria importado o fóssil para a Alemanha antes de 1990.
No entanto, desde 1942 todos os fósseis encontrados em território brasileiro são propriedade da União e não podem ser comercializados. Exportação de fósseis depende de autorização governamental, e costuma exigir o envolvimento de cientistas brasileiros nas pesquisas. Essas condições não foram observadas no caso do Irritator.
O contrabando de fósseis é um problema global, e no Brasil a área da Bacia do Araripe é alvo dessa atividade. Ela se estende pelo Ceará, Piauí e Pernambuco e é uma das mais ricas do mundo nessas peças. Foi nela que, muito provavelmente, o Irritator foi encontrado. Fósseis da região chegam a ser vendidos por milhares de dólares no exterior.