O cardeal Jean-Pierre Ricard, ex-bispo de Bordeaux, afirmou nesta segunda-feira (7) que há 35 anos ele teve um comportamento repreensível em relação a uma menor que na época de 14 anos.
O reconhecimento foi por meio de um texto lido por Éric de Moulins-Beaufort, o presidente da conferência episcopal, durante uma coletiva de imprensa em Lourdes, onde os prelados realizam a sua reunião anual.
“Há 35 anos, quando [eu] era pároco, me comportei de forma reprovável com uma menina de 14 anos. Meu comportamento necessariamente causou consequências graves e duradouras a esta pessoa”, afirmou o cardeal na mensagem.
Veja mais:
O cardeal, de 78 anos, afirma que se colocou à disposição da justiça, tanto cível quanto canônica, e que pediu perdão à vítima.
Investigações na França
Há um ano, a França conheceu o alcance devastador dos casos de pedofilia no seio da Igreja Católica. Uma comissão independente estimou que cerca de 216 mil menores foram vítimas de sacerdotes e religiosos na França entre 1950 e 2020.
Moulins-Beaufort, o presidente da Conferência Episcopal, também afirmou que foram abertas investigações contra 11 bispos ou ex-bispos franceses (o cardeal é um dos 11).
Outro bispo processado é Michel Santier, que já havia sido sancionado por autoridades do Vaticano em 2021 por “abusos espirituais resultando em ‘voyeurismo’ a dois homens adultos” na década de 1990. O silêncio sobre sua sanção causou revolta nas últimas semanas entre católicos e grupos de vítimas.
No total, dez ex-bispos são acusados, oito deles por abusos, como Ricard e Santier. Um décimo primeiro, Pierre Pican, morreu em 2018 e foi condenado por não denunciar os fatos, segundo a Conferência Episcopal francesa.
Sem entrar em detalhes, o presidente da Conferência Episcopal Francesa (CEF) apontou a “grande diversidade de situações em relação aos atos cometidos ou de que são acusados”.
Os 120 membros da CEF se reúnem desde a quinta-feira em Lourdes para trabalhar em “propostas concretas” para melhorar a comunicação e a transparência sobre as medidas canônicas adotadas contra os religiosos acusados de agressão sexual.