Quando o sobrenatural assusta: três lendas urbanas que provocaram pânico nas escolas

(Foto: reprodução)
Antes da internet, as histórias se espalhavam pelo boca a boca — e as lendas urbanas eram as mais populares, que colocavam a imaginação dos mais sensíveis para trabalhar. Nos anos 90, foram várias histórias escabrosas que iam do misterioso Homem do Saco, Chupa Cabra, E.T de Varginha a até alertas assustadores, como o das agulhas infectadas com HIV deixadas em cinemas.
Algumas dessas lendas inspiraram brincadeiras perigosas, que chegaram a causar surtos de histeria entre adolescentes. A reportagem da Rede Onda Digital relembra três delas e explica: afinal, esses jogos espirituais são reais ou apenas mito?
Tabuleiro Ouija e brincadeira do copo

Criado na Era Vitoriana, no século 19, o tabuleiro Ouija surgiu como um inocente passatempo de salão, mas rapidamente se tornou um dos maiores símbolos do ocultismo moderno. Lançado nos Estados Unidos em 1890 como um “tabuleiro falante”, prometia conectar vivos e mortos por meio de um ponteiro que se movia sozinho.
Popular no início do século 20, o Ouija era visto com curiosidade e até romantismo, mas sua imagem mudou nas décadas seguintes. Entre crimes, cultos e o sucesso do filme O Exorcista (1973), a tábua passou a ser temida como um possível portal para o mal — e desde então, o medo e a curiosidade seguem lado a lado.

Desde a popularização dos relatos de terror na internet, o jogo do copo é citado. Em geral, adolescentes em escolas, ou em encontros de fins de semana entre amigos, gostam de brincar com o jogo do copo. Embora possa parecer uma brincadeira inocente, o jogo do copo pode ser bem perigoso do ponto de vista do espiritismo. Uma fonte que não quis se identificar, adepta da doutrina espírita, explica que não é preciso de um ritual especifico para se comunicar com espíritos ruins, e que eles são facilmente atraídos.
“Não é o rito do jogo que atrai um espírito, mas sim a simples vontade de se comunicar. O problema do jogo do copo é que ele sempre atrai espíritos escuros e a comunicação com eles pode atrair energia negativa para esse plano”, explica o espírita, que deixa um alerta que a responsabilidade em cima dessa tentativa de comunicação é mais séria do que se imagina.
Maria Sangrenta

A lenda de Bloody Mary, conhecida no Brasil como Loira do Banheiro, é uma das mais assustadoras do folclore moderno. Envolta em mistério, conta a história de um espírito vingativo que surge quando seu nome é repetido três vezes diante do espelho, em um ambiente escuro.
O primeiro registro da lenda surgiu em 1978, nos Estados Unidos, pela pesquisadora Janet Langlois. Segundo a versão mais popular, Mary foi assassinada por um médico que arrancou seus olhos diante de um espelho — e desde então, seu espírito aparece para punir culpados, arrancando-lhes os olhos. A história ganhou força e até inspirou um episódio da série Supernatural.

No Brasil, a lenda ganhou o nome de Loira do Banheiro, mito que há gerações assombra estudantes. Nos corredores das escolas, jovens desafiam o medo ao chamar “Maria Sangrenta” diante do espelho. A história fala de uma menina que, após uma vida de sofrimento, teria sido morta em um banheiro escolar e desde então, seu espírito vagaria à espera de ser invocado novamente.
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Charlie, Charlie

Ao contrário do jogo do copo e da Maria Sangrenta, a lenda de Charlie, Charlie é recente e viralizou em 2015 com a #CharlieCharlieChallenge. O desafio consistia em sobrepor dois lápis em forma de cruz sobre um papel com “Sim” e “Não” e perguntar: “Charlie Charlie, você está aí?”, esperando que o lápis se movesse sozinho.
A brincadeira rapidamente se espalhou pelas redes sociais, misturando sustos reais, encenações e piadas, e gerou histeria coletiva em algumas escolas. Em Manaus, foram registrados quatro casos, sendo o mais grave em uma escola de tempo integral no bairro Crespo, zona Sul.
Durante a brincadeira, alguns estudantes teriam passado mal: uma aluna precisou ser retirada em uma maca, outra foi carregada por um homem, e houve relatos de convulsões, delírios e até aparição de um suposto demônio.
Leonardo Almeida, hoje com 26 anos, contou que participou do desafio com amigos em Manaus e não presenciou nada sobrenatural: “O lápis se movia por causa da gravidade, e ninguém passou por nada de bizarro. A gente só achava graça.”
Por trás da lenda, há um detalhe inquietante: o demônio Charlie nunca fez parte do folclore mexicano. Segundo a BBC News, a história moderna teria surgido a partir de um vídeo de 2008 chamado Jugando Charly Charlie.

A lenda de Charlie, Charlie perdeu credibilidade rapidamente ao se descobrir que o desafio era uma estratégia de marketing do filme A Forca, lançado no mesmo ano. Inspirado no vídeo de 2008, o diretor Jason Blum teria aproveitado a febre dos desafios para promover o longa. Desde então, a lenda caiu no esquecimento, ainda em 2015.
*Com informações da Super Interessante/BBC News/History Channel.






