Kid Abelha: os 40 anos da banda de rock pop que embalou as rádios do Brasil

(Foto: divulgação)
Em 1981, uma estudante de desenho industrial da PUC-Rio, chamada Paula Toller Amora, iniciou um relacionamento com o músico Carlos Leoni Rodrigues Siqueira, conhecido como Leoni, baixista da banda Chrisma. O encontro marcou o início de uma trajetória que se transformaria em uma das histórias mais marcantes do pop rock brasileiro.
O embrião do Kid Abelha nasceu quando Paula começou a frequentar os ensaios do Chrisma, ao lado de Leoni, do baterista Beni Borja e do guitarrista Pedro Farah. Incentivada pelos amigos, Paula arriscou cantar e descobriu, junto ao namorado, o talento para escrever letras. A banda passou a se chamar Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, nome curioso inspirado em Eduardo Belham, ex-integrante apelidado de “Abelha”, e complementado com um subtítulo irônico, em referência a grupos dos anos 1950.
Em 1982, a formação mudou com a saída de Farah e a entrada de Bruno Fortunato. O saxofonista George Israel se juntaria ao grupo pouco depois, consolidando o som que misturava pop, new wave e rock. Nesse período, a demo “Distração” foi lançada e tocada na extinta Fluminense FM, ajudando a projetar a banda no Rio.

O primeiro grande destaque veio em 1983, quando o grupo participou da coletânea Rock Voador, ao lado de Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Barão Vermelho e Titãs. No mesmo ano, gravaram o compacto com “Pintura Íntima”, que estourou nas rádios e rendeu o primeiro disco de ouro. O sucesso foi seguido por “Por Que Não Eu” e “Como Eu Quero”, lançadas em 1984, abrindo caminho para o álbum de estreia, Seu Espião.
O segundo disco, Educação Sentimental (1985), foi lançado em meio a tensões internas. Paula e Leoni haviam terminado o namoro, e divergências pessoais afetaram a convivência. Um episódio marcante ocorreu em um show com Léo Jaime, quando discussões nos bastidores culminaram com Paula acertando um pandeiro na cabeça de Leoni. Pouco depois, ele deixou a banda para formar o grupo Heróis da Resistência.

A saída de Leoni levou o Kid Abelha a se reformular. O grupo abandonou o “Abóboras Selvagens” do nome e passou a atuar como trio — Paula, George e Bruno. A parceria de Paula com George Israel foi fundamental para manter a criatividade, e o disco Tomate (1987), produzido por Liminha, consolidou um som mais maduro e experimental.
Durante os anos 1980 e 1990, o Kid Abelha acumulou sucessos que se tornaram clássicos do pop nacional, como “Fixação”, “Lágrimas e Chuva”, “Grand Hotel” e “Eu Só Penso em Você”. A banda se destacou por unir letras românticas e sensuais à sonoridade pop dançante, garantindo forte presença nas rádios e palcos.
Leia mais
CPM 22: Os 30 anos do punk/hardcore que mudou o rock nacional nos anos 2000
Aposentado dos palcos, Ozzy Osbourne tinha planos de gravar um novo disco
Nos anos 2000, a banda viveu uma renovação com o lançamento do Acústico MTV (2002), que trouxe releituras de hits e o novo sucesso “Nada Sei”. O projeto apresentou o grupo a uma nova geração, consolidando sua longevidade artística.

O último álbum de inéditas, Pega Vida, foi lançado em 2005. Em seguida, a banda entrou em hiato, retornando apenas em 2011 com apresentações ao vivo. Em 2012, gravaram o especial Multishow ao Vivo – Kid Abelha, em comemoração aos 30 anos de carreira.
Em 2016, após novo período de pausa, o grupo anunciou oficialmente o fim de suas atividades. Desde então, Paula Toller seguiu carreira solo, iniciada em 2007 com o disco SóNós. Ela ainda lançou Transborda (2014) e o álbum ao vivo Amorosa (2017), que revisita sucessos do Kid Abelha e homenageia sua trajetória.
Hoje, Paula celebra 40 anos de carreira, grande parte deles marcada pela história do Kid Abelha, uma das bandas mais populares e influentes da música brasileira, lembrada por seus hits atemporais e pelo impacto no pop rock nacional.


