Faces da Morte: a produção que foi “proibida em 46 países” por ser extremamente chocante

(Foto: reprodução)
Considerado um dos títulos mais controversos do cinema de horror, Faces da Morte, lançado em 1978, volta e meia retorna ao debate entre fãs do gênero. A produção, conhecida por reunir cenas extremas e supostamente autênticas, tornou-se referência no estilo “mondo”, uma categoria de documentário marcado por imagens chocantes e de forte apelo documental, também conhecidos como filmes de choque (shockumentaries).
O subgênero cinematográfico sensacionalista surgiu na Itália no final da década de 1950 e se popularizou nas décadas de 1960 e 1970.
O filme apresenta o patologista fictício Francis B. Gröss, vivido pelo ator Michael Carr, que conduz o espectador por uma coletânea de registros envolvendo mortes, acidentes e situações violentas, as quais Francis diz ter reunido por anos. A obra ganhou fama justamente pela dúvida que alimentou por décadas: afinal, o que é real e o que foi encenado?
Mistura de realidade e encenação
Por muito tempo, diversos especialistas em cinema debateram a veracidade do conteúdo de Faces da Morte. Estimava-se que cerca de 60% do conteúdo fosse autêntico, como registros de abatedouros e materiais históricos, enquanto o restante foi feito com efeitos especiais. Entre as cenas encenadas estão segmentos envolvendo crueldade contra animais, assassinatos e execuções, como a clássica cena do homem executado na cadeira elétrica, considerada uma das mais chocantes do longa.

A fusão entre realidade e ficção ajudou a consolidar a reputação do título e reforçou sua aura de proibição. O marketing do filme também ajudou na sua popularização. A capa do VHS trazia a informação “proibido em 46 países”, além de outras frases de impacto como “não recomendado para quem tem problemas cardíacos” e “o filme mais violento e perturbador que você vai ver”.
A confirmação de quais cenas foram montadas por meio de efeitos especiais veio em um DVD especial lançado na comemoração dos 30 anos da franquia. O diretor, John Alan Schwartz, explica como montou algumas das sequências mais violentas, como a já citada execução na cadeira elétrica e a cena onde o grupo mata um macaco e come seu cérebro. O macaco era de brinquedo e o cérebro era couve-flor e sangue falso.
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No entanto, sim, o filme traz cenas reais. Imagens de acidentes, autópsias e registros feitos em áreas de conflitos eram reais e bem tensas.
Censura e proibições em vários países
O impacto do filme foi tão grande que, nos anos 1980, ele entrou na lista de “vídeos proibidos” do British Board of Film Classification (BBFC), no Reino Unido. O endurecimento das regras levou o país a aprovar a Lei de Gravações em Vídeo de 1984, que passou a exigir avaliação prévia de todo o conteúdo distribuído em vídeo doméstico.

Além da proibição britânica, o longa também foi vetado na Austrália, Nova Zelândia e parcialmente na Alemanha. Apesar das proibições, ou seja, dos 46 países que supostamente teriam banido o filme, apenas 4 países realmente proibiram sua comercialização.
Efeito cultural duradouro
Mesmo com críticas sobre sua qualidade cinematográfica, Faces da morte se tornou um marco da cultura pop relacionada ao terror extremo. O sucesso do longa gerou uma franquia duradoura. Mas ao contrário do primeiro filme, a partir de Faces da Morte 2, a produção passou a contar somente com cenas reais, tornando a franquia mais perturbadora. No total a série contra com cinco filmes, sendo o último “Faces da Morte 2000”.
No Brasil, Faces da Morte se tornou popular a partir da década de 1990, quando os VHS’s passaram a ser disponibilizados em locadoras. A capa, sempre com uma caveira que se tornou uma espécie de “mascote” da produção, chamava a atenção nas prateleiras, de modo que o filme ficou muito popular entre os jovens, que se desafiavam a assistir o filme.
Além disso, Faces da Morte deu origem a uma série de outros documentários do mesmo tipo. Um dos mais lembrados, inclusive por ser bem mais pesado e perturbador, é a franquia “Traços da Morte”, que desde o primeiro filme, conta somente com cenas reais.
Mesmo sabendo que algumas cenas do filme foram encenadas, Faces da Morte não deixa de ser uma obra perturbadora e difícil de assimilar. A produção segue atraindo espectadores curiosos pela aura de mistério em torno de sua autenticidade e pela mistura deliberada de cenas verdadeiras e encenadas. Décadas após o lançamento, o título permanece como um dos mais debatidos do gênero, e continua testando o limite do que o público está disposto a assistir.






