Conheça algumas antigas e macabras histórias sobre o Natal

(Foto: reprodução)
Para os cristãos, o Natal marca o nascimento de Jesus Cristo. Para a sociedade em geral, a data é associada a confraternizações, troca de presentes, aquecimento do comércio e à tradicional correria de fim de ano para reunir a família.
No entanto, por trás do clima festivo, o Natal também carrega origens e costumes históricos, muitos dos quais foram adaptados ao longo do tempo às tradições cristãs.
A seguir, veja alguns dos elementos menos conhecidos e mais sombrios ligados às tradições natalinas ao longo da história.
Festas, excessos e a herança pagã

As grandes ceias e o consumo excessivo de comida e bebida durante o Natal têm raízes anteriores ao cristianismo. Na Roma Antiga, o período era marcado pela Saturnália, festival dedicado ao deus Saturno, celebrado a partir de 17 de dezembro por cerca de uma semana.
Durante a Saturnália, regras sociais eram flexibilizadas: escolas fechavam, jogos de azar eram permitidos e punições a crimes eram suspensas. Saturno, associado à agricultura e à abundância das colheitas, também era representado com uma foice e conhecido, na mitologia, por devorar os próprios filhos, um contraste sombrio por trás da fartura que inspirou os banquetes atuais.
As festividades do natal, tal qual são conhecidas hoje, foram baseadas na Saturnália.
A origem inquietante do Papai Noel

A figura do Papai Noel, hoje símbolo máximo do Natal, também desperta interpretações controversas. Embora seja popularmente associada à publicidade da Coca-Cola, a imagem do bom velhinho é resultado da fusão de São Nicolau, bispo que viveu na Ásia Menor por volta do ano 350 d.C, com personagens do folclore europeu, como Kris Kringle.
As primeiras representações modernas do Papai Noel surgiram no século 19, inicialmente com roupas verdes. A versão consagrada pela Coca-Cola só apareceu em 1931. Ainda assim, a tradição permanece viva e incentiva, todos os anos. A tradição de um velhinho que observa as crianças e as presenteia ou pune diante de seus comportamentos, ainda segue como algo perturbador para algumas crenças.
Chaminés, meias e uma lenda sombria

A tradição de pendurar meias na lareira também tem uma origem obscura. Uma das lendas associadas a São Nicolau conta que ele ajudou três irmãs pobres que seriam forçadas à prostituição por falta de recursos. Para ajudá-las, teria jogado moedas pela chaminé, que acabaram caindo dentro das meias deixadas próximas ao fogo para secar.
Na França do século 15, essa crença ajudou a amenizar o medo popular de chaminés, vistas até então como passagens usadas por bruxas e criaturas sobrenaturais. Desde que fosse apenas o Papai Noel, tudo estaria sob controle.
Krampus: o lado punitivo do Natal

Em algumas regiões da Europa, especialmente na Alemanha, o Natal também é associado a uma figura aterrorizante: Krampus. Representado como um demônio de chifres longos, ele seria responsável por punir crianças malcomportadas, seja com castigos físicos ou, nas versões mais extremas da lenda.
A versão mais macabra da história vem da Alemanha, cuja tradição estabelece o dia 5 de dezembro como a data em que Krampus “entra em ação”, na véspera da celebração de São Nicolau. Se as crianças cometem delitos leves, são espancadas pelos Krampus, enquanto os mais malcriados, são levados para o inferno.
Outros monstros natalinos pelo mundo

Krampus não está sozinho. Na Islândia, as crianças crescem ouvindo histórias sobre os Yule Lads, um grupo de 13 criaturas que pregam peças, roubam comida, apagam luzes e espalham o caos. O folclore inclui ainda um gato gigante que se alimentaria de crianças, independentemente do comportamento delas.
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No Leste Europeu, a figura temida é Frau Perchta, conhecida como a Bruxa do Natal. Segundo a lenda, crianças obedientes recebem recompensas no Dia de Reis, enquanto as desobedientes sofrem punições violentas, descritas de forma extremamente gráfica pelas tradições populares.
Natal e o mundo dos espíritos

Além de monstros e figuras folclóricas, o Natal também é associado à presença de espíritos. Um dos exemplos mais famosos é o clássico “Um Conto de Natal”, de Charles Dickens, no qual o avarento Scrooge é visitado por fantasmas na noite natalina.
Essa crença remonta a festivais pagãos como o Yule, que celebrava o solstício de inverno. Acreditava-se que, durante os dias mais escuros e frios do ano, o mundo dos vivos estaria mais acessível às entidades espirituais.
Em Portugal, a tradição da Consoda mantém essa ligação simbólica: na manhã de Natal, famílias deixam lugares vazios à mesa para as almas dos mortos participarem da refeição.
O lado perturbador de “O Quebra-Nozes”

A história que inspirou um dos balés mais famosos do mundo também tem um enredo sombrio. Baseado no conto de E. T. A. Hoffmann, “O Quebra-Nozes” narra a história de Marie, uma menina que desenvolve sentimentos por um boneco que só ganha vida em seus sonhos.
Após uma batalha fantasiosa e um ferimento real, a personagem entra em um estado febril, tem suas memórias manipuladas e, ao final, abandona o mundo real para viver em um universo de bonecos. A narrativa levanta interpretações inquietantes quando analisada sob uma ótica contemporânea.
Até desmontar a decoração exige cuidado

Nem mesmo o fim das festas escapa das superstições. Pela tradição cristã, os enfeites natalinos devem ser retirados no dia 6 de janeiro, data que marca a visita dos Reis Magos ao menino Jesus.
Já uma crença inglesa alerta que descartar enfeites verdes, como árvores e guirlandas, de forma inadequada pode atrair a morte antes do próximo Natal. Por outro lado, guardar esses objetos até o ano seguinte seria uma forma de proteger a casa contra raios.
Entre luzes, presentes e celebrações, o Natal também carrega um histórico repleto de lendas sombrias, crenças pagãs e símbolos inquietantes, um contraste curioso com a imagem de paz e alegria que a data costuma transmitir.






