Indefinição do MDIC paralisa produção de ar condicionado no Polo Industrial de Manaus

Produção de aparelhos de ar condicionado está limitada por falta de fornecedores de compressores no Brasil. (Reprodução)
Um dos segmentos mais produtivos do Polo Industrial de Manaus, o de ar condicionado, está próximo da paralisação total por falta de um componente principal, compressores. De janeiro a julho, por exemplo, a produção de condicionadores de ar do tipo split system colocou no mercado 3.711.764 milhões de unidades, um crescimento de 14,87% em relação ao mesmo período do ano passado.
A paralisação envolve a fata de atualização do chamado Processo Produtivo Básico, o PPB, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (PPBs). O PPB atual exige que compressores sejam adquiridos de fornecedores nacionais. No entanto, só existe um fornecedor e ele não está dando conta de atender à demanda.
A solução seria alterar o PPB e permitir a importação do componente, mas há mais de 120 dias o MDIC não toma uma providência neste sentido.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, fez um apelo ao vice-presidente e titular do MDIC, Geraldo Alckmin, para destravar a atualização do PPB dos condicionadores de ar, relatando a grave situação de desabastecimento pelo qual passam as indústrias locais.
No MDIC, a análise de um novo PPB passou por uma consulta pública, encerrada na semana passada, que propôs a prorrogação dessa obrigação de compra de compressores nacionais até 2026, acumulando exigências não cumpridas em 2024 e 2025. É a segunda vez que o MDIC altera as regras em função da incapacidade da fornecedora, o que gera insegurança jurídica, imprevisibilidade e prejudica toda a cadeia de suprimentos, já que os demais componentes não recebem o mesmo tratamento obrigatório na política industrial.
Saiba mais:
Expoagro: um mundo de produtos para além de animais e shows musicais
Carolina Reaper: a pimenta mais ardida do mundo agora é cultivada no Rio Preto da Eva
Indústria local quer mudanças rápidas
O pleito da indústria é claro e retrata que não haja obrigatoriedade de aquisição de compressores nacionais. Caso o governo insista na exigência, que o percentual seja compatível com a real capacidade de produção da fornecedora, o setor defende a manutenção do patamar estabelecido em 2024, com aumento progressivo apenas se comprovada a plena capacidade de fornecimento da fabricante nacional de compressores.
De acordo com Silva, Geraldo Alckmin reconheceu a gravidade do problema e se comprometeu a avaliar a questão com urgência, destacando que é preciso superar esse impasse para que o Brasil continue a se consolidar como um dos principais polos mundiais de fabricação de aparelhos de ar-condicionado e com potencial exportador.
“Não podemos aceitar que um setor inteiro fabricante de ar-condicionado fique refém da incapacidade de um único fornecedor de compressores. O Amazonas e o Brasil precisam de uma política industrial que assegure competitividade, previsibilidade e condições reais de produção. Essa é a voz da indústria amazonense que levamos hoje ao vice-presidente Geraldo Alckmin”, afirmou o presidente da FIEAM, Antonio Silva.
