Policiais civis do Rio de Janeiro realizaram, nesta terça-feira (3/6), uma operação de grande escala para desarticular o núcleo financeiro da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Entre os investigados está a influenciadora digital Viviane Noronha, esposa do cantor de funk MC Poze do Rodo, preso na semana passada. A operação cumpre mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
A ação é coordenada pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e pelo Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD).
Esquema movimentou mais de R$ 250 milhões
Segundo as investigações, os alvos da operação são suspeitos de operar um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 250 milhões. Os valores teriam origem no tráfico de drogas e na comercialização de armamentos de uso restrito.
“Professor” e o papel do Baile da Escolinha
As apurações apontam também o envolvimento de Fhilip Gregório da Silva, conhecido como “Professor”, morto no último domingo (1º). Ele era considerado peça-chave na engrenagem financeira da facção. Um dos principais eventos sob sua coordenação era o “Baile da Escolinha”, que, segundo a polícia, funcionava como instrumento de dominação cultural e canal de arrecadação de fundos para o tráfico.
Viviane Noronha e a conexão com o crime
Conforme os investigadores, Viviane Noronha e sua empresa recebiam recursos oriundos do Comando Vermelho, com intermediação de terceiros (“laranjas”) para esconder a origem ilícita do dinheiro. As análises financeiras revelam que contas bancárias ligadas a ela foram abastecidas com valores provenientes do tráfico e da lavagem de capitais.
Para a polícia, a esposa de MC Poze do Rodo ocupa um papel simbólico na estrutura criminosa: ela representa o elo entre o tráfico e o universo digital do consumo, conferindo aparência de legalidade a ativos de origem criminosa.
Restaurantes e produtoras usados como fachada
A polícia identificou ainda um restaurante localizado em frente ao local do “Baile da Escolinha” como mais um ponto estratégico para a lavagem de dinheiro. O estabelecimento, segundo os agentes, era usado como fachada para movimentar os recursos do tráfico, além de funcionar como símbolo de poder da facção.
Uma produtora de eventos também foi identificada como operadora no esquema. Ela teria organizado bailes funk que serviam como pontos de venda de drogas. Tanto a empresa quanto seu responsável legal estão entre os destinatários diretos dos recursos oriundos do Comando Vermelho.
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Bloqueio de contas e bens
Como parte das ações desta terça-feira (3/6), a Justiça determinou o bloqueio e a indisponibilidade de bens e valores de 35 contas bancárias ligadas aos investigados.