
Codam analisa número recorde de projetos e investimentos de R$ 1,320 bilhões
Codam analisa, nesta quinta-feira, a pauta mais extensa e rica da sua histórica, mas crescimento do Polo Industrial de Manaus traz outros problemas para nossa economia

O Governo do Amazonas realiza, nesta quinta-feira (21/8), a 315ª reunião ordinária do Conselho de Desenvolvimento do Amazonas (Codam), que vai analisar a concessão de benefícios fiscais para 64 projetos industriais que prometem investir R$ 1.320 bilhão e gerar 3,740 empregos diretos nos próximos três anos.
O número de projetos em análise é recorde na história do Codam, bem como o investimento prometido pelos autores. O destaque da pauta é o projeto de implantação de uma fábrica de pneus da Cairu Industrial, uma empresa de Rondônia, especializada na produção de peças para bicicletas e motos.
O investimento previsto para a construção de uma unidade em Manaus é de R$ 340 milhões em três anos e cuja produção será absorvida pelas empresas do Polo de Duas Rodas do Polo Industrial de Manaus (PIM).
Outro projeto de destaque da pauta do Codam é a de diversificação da GBR Componentes, empresa do grupo Garcia que é lideradado pela ex-deputada e ex-superintendente da Zona Franca de Manaus Rebeca Garcia.
O grupo GBR, que estava focado em desenvolver produtos a partir da biodiversidade amazônica, fez uma joint-venture com uma indústria de componentes hospitalares para produzir em Manaus aparelhos que garantem ao paciente oncológico a dose correta de quimioterapia.
A pauta também destaca um projeto de diversificação da Elgin, indústria de motores e compressores para aparelhos de ar condicionado. A produção de motores e compressores era um problema antigo para as industrias deste segmento em Manaus, dependentes de fornecedores chineses.
Com a nova fábrica, a Elgin vai produzir os próprios motores e compressores e ainda vender, em reais, o excedente de produção para as industrias de aparelhos de ar condicionado instaladas em Manaus.
Na avaliação do Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Serafim Corrêa, os números recordes deste Codam refletem duas situações novas vivenciadas na economia local.
“Os chineses passaram a olhar, colher informações e estão vindo se instalar no PIM. A outra situação é que a Reforma Tributária garantiu exclusividade para a concessão de incentivos fiscais, uma conquista da nossa bancada”, explicou Serafim durante entrevista na Rede Onda Digital.
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As dores do crescimento do PIM
Apesar da pujança na aprovação de projetos no Codam, o que segundo Serafim tem acontecido durante todos os anos do governo Wilson Lima (União Brasil), o crescimento do Polo Industrial de Manaus traz suas dores, sendo que a próxima dificuldade será a cobrança pelos grandes armadores de návios de transporte de carga da chamada taxa de pouca água.
Essa taxa é cobrada quando os grandes navios porta-conteineres não conseguem navegar pelo rio com a carga máxima. Nos anos de seca extrema de 2023 e 2024, MSC e Maersk chegaram a cobrar uma taxa de pouca água de US$ 5 mil por cada conteiner.
Neste ano, conforme dados da Agência Nacional de Águas, o nível do rio Amazonas está 4m90cm acima do mesmo período do ano passado, mas mesmo assim os armadores querem cobrar até US$ 1,8 mil de taxa de pouca água.
“O argumento deles é que o transporte de carga para Manaus cresceu 15% e como eles têm poucos navios nessa rota, eles não conseguem passar com a carga total pela foz do rio Madeira (no município de Itacoatiara, Região Metropolitana de Manaus). Com isso é preciso transbordar uma parte da carga e para fazer isso eles querem cobrar a taxa de pouca água”, explicou Serafim Corrêa.
O Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (DNIT)) realiza na foz do Amazonas e na Costa do Tabocal, regiões de calado crítico em Itacoatiara, um serviço de dragagem, mas especificamente na foz do Madeira surgiu um grande problema.
Conforme os técnicos o serviço de dragagem está chegando próximo da rede de fibra ótica que traz internete para Manaus e qualquer erro na operação poderia isolar a capital amazonense.
“O ideal é que a dragagem fosse feita com o rio baixo, que daria para ver claramente onde passam os cabos de fibra, mas o rio está alto”, pondera o secretário Serafim.