Em entrevista recente à coluna de Paulo Cappelli, no Metrópoles, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), declarou que o impeachment de ministros do STF não será prioridade em sua eventual campanha presidencial.
“Se nós continuarmos alimentando isso no Brasil, a quem interessa? A mídia não fala em outra coisa. Faz dois anos e quatro meses que o atual governo não governa, não trabalha. Só fala de 8 de Janeiro, e agora [a oposição] só fala em caçar ministro. A que ponto nós estamos chegando? Você acha que isso é governar o país? Você acha que isso é meta de campanha?”, criticou Caiado.
A fala de Caiado reflete uma tentativa de se distanciar do radicalismo, mas ignora um debate legítimo: o excesso de ativismo judicial no STF, que há anos gera insatisfação na direita.
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Embora a paralisia política seja indesejável, Caiado comete um erro estratégico ao menosprezar a revolta da direita com o STF. Longe de ser um tema marginal, o controle do ativismo judicial é uma das principais bandeiras do seu eleitorado potencial. Um pré-candidato que desdenha desse debate não apenas falha em representar sua base, mas também se enfraquece como alternativa eleitoral dentro do espectro político da direita.
Seria mais coerente — e estratégico — que Caiado incluísse o tema em sua agenda, mesmo que sem radicalismo. Afinal, defender o debate sobre os limites do STF não significa advogar por um impeachment imediato, mas reconhecer uma demanda legítima da sociedade. Ao ignorá-la, o governador não apenas despreza seu próprio espectro político, mas também entrega aos seus adversários uma bandeira que poderia ser sua.