SUS vai oferecer atendimento para usuários com compulsão em bets

(Foto: Freepik)
Os ministérios da Saúde e da Fazenda anunciaram nesta quarta-feira (3/12) um conjunto de medidas para enfrentar os impactos do aumento das apostas eletrônicas no país. O objetivo é ampliar ações de prevenção e cuidado voltadas para usuários que enfrentam dependência, prejuízos financeiros e problemas emocionais relacionados às chamadas bets.
O acordo de cooperação técnica firmado pelos ministros Alexandre Padilha e Fernando Haddad prevê a criação de uma plataforma nacional de autoexclusão. A ferramenta, que entra em operação em 10 de dezembro, permitirá que apostadores solicitem o bloqueio do próprio CPF para acesso a sites de jogos, novos cadastros e recebimento de publicidade do setor.
Segundo levantamento citado pelo governo, as apostas esportivas geram perdas sociais e econômicas estimadas em R$ 38,8 bilhões por ano.
Entre as iniciativas anunciadas está também o Observatório Brasil Saúde e Apostas Eletrônicas, que funcionará como um canal permanente de compartilhamento de informações entre as duas pastas. A proposta é utilizar os dados para identificar padrões de comportamento compulsivo e direcionar usuários aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). “As informações vão permitir localizar essas pessoas e oferecer suporte das equipes de saúde”, afirmou Padilha.
O Ministério da Saúde ainda disponibilizará orientações de acesso a atendimento especializado, por meio do aplicativo Meu SUS Digital e da Ouvidoria do SUS. A pasta lançou também a Linha de Cuidado para Pessoas com Problemas Relacionados a Jogos de Apostas, que reúne diretrizes clínicas e prevê atendimento remoto e presencial.
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A partir de fevereiro de 2026, a rede pública passará a oferecer teleatendimento em saúde mental focado em dependência de jogos, em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. Serão 450 consultas mensais, com possibilidade de ampliação. Os casos que exigirem acompanhamento presencial serão encaminhados para unidades do SUS.
Durante o evento, Haddad criticou a falta de regulamentação após a autorização das bets em 2018, afirmando que o governo anterior não definiu regras de tributação, publicidade, responsabilidade social e combate a práticas ilícitas. O ministro destacou ainda que CPFs de crianças, beneficiários do BPC e do Bolsa Família não podem ser usados em cadastros de sites de apostas.
Dados do Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde apontam crescimento no número de atendimentos por transtornos relacionados ao jogo: foram 2.262 registros em 2023, 3.490 em 2024, e 1.951 apenas no primeiro semestre de 2025. Segundo o diretor Marcelo Kimati, o perfil predominante entre os atendidos é de homens de 18 a 35 anos, negros, vivendo situações de vulnerabilidade social, desemprego ou isolamento.
*Com informações da Agência Brasil.






