Enquanto parte dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro segue pedindo anistia para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, um novo tema tomou conta da pauta bolsonarista: a possível adoção de uma camisa vermelha como segundo uniforme da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2026.
A informação, divulgada pelo site especializado Footy Headlines, deu início a uma onda de indignação nas redes sociais, especialmente entre figuras da direita. De acordo com o portal, o novo modelo seria considerado “revolucionário”, com um tom vibrante e design moderno — embora imagens oficiais ainda não tenham sido divulgadas. A tradicional camisa amarela, símbolo da equipe canarinho, continuaria como o uniforme principal.
A polêmica fez políticos conservadores reagirem com veemência. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi um dos primeiros a se pronunciar: “A camisa da Seleção é símbolo do nosso orgulho nacional. Sempre foi verde e amarela. Nossa bandeira não é vermelha, e nunca será!”, declarou em tom inflamado.
Já o deputado Zé Trovão (PL-SC) foi além e apresentou um projeto de lei tentando impedir o uso da cor. O texto propõe que qualquer entidade que represente oficialmente o Brasil — em eventos nacionais ou internacionais — seja obrigada a utilizar apenas as cores da bandeira: verde, amarelo, azul e branco.
A repercussão não ficou restrita ao Congresso. O narrador Galvão Bueno, agora na Band, dedicou cerca de oito minutos do seu programa “Galvão e Amigos” para criticar duramente a ideia. “Transmisti mais de 50 jogos do Brasil em Copas. Isso é uma afronta à história da Seleção. Estou indignado!”, declarou. Ex-jogadores como Falcão, Casagrande e Ricardo Rocha também reprovaram a possível mudança.
Por outro lado, houve quem visse graça ou até apoio à ideia. A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) publicou uma foto com uma camisa vermelha e o número 13 às costas, ironizando: “Acho que gostei dessa história de camisa vermelha da seleção”.
O deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) aproveitou para atacar o Judiciário ao insinuar que o “vermelho” poderia favorecer o Brasil nas partidas. Já Carla Zambelli, ré em processo criminal, disse que a nova camisa representa uma tentativa de “criar divisão no país”.
A CBF preferiu adotar um tom neutro e declarou apenas que “não confirma” a informação sobre o novo modelo, sem negar categoricamente.
As redes sociais foram inundadas por simulações geradas por inteligência artificial, mostrando possíveis versões do uniforme vermelho, inclusive com o logotipo da Jordan Brand — marca derivada da Nike que pode substituir o tradicional “swoosh” no novo modelo.
Mais do que um item esportivo, a camisa virou um campo de disputa simbólica. No Brasil polarizado, nem o futebol escapa da briga ideológica.