
Cinco anos após emocionar o país dançando “Holiday”, de Madonna, em um bar de Manaus, a ex-usuária de drogas Maria Solange Amorim, conhecida como “a Marina Silva de Manaus”, concluiu o ensino médio pelo programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), em Guarulhos (SP), na última quarta-feira (25/6). Aos 55 anos, ela planeja prestar o Enem e ingressar no curso de Psicologia.
“Esse momento era um sonho da adolescência. Hoje posso dizer que com fé e esforço, tudo é possível. Estou sóbria há quase cinco anos e determinada a buscar meu diploma universitário daqui a cinco”, declarou emocionada ao g1.
A trajetória de Solange é marcada por superação. Após mais de três décadas envolvida com drogas e até ter atuado como “mula” do tráfico entre Fortaleza e Manaus, ela decidiu mudar de vida.
Foi internada em uma clínica de reabilitação em São Paulo ao ganhar visibilidade com o vídeo em que dançava para homenagear o filho Pedro Paulo, assassinado em Manaus.
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A performance comovente, registrada enquanto ela enfrentava o luto, foi compartilhada pela própria Madonna nas redes sociais.
“Aumente o volume e dance. Às vezes, é tudo o que podemos fazer”, escreveu a cantora ao republicar o vídeo que viralizou na época.
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O gesto deu início a uma virada de vida. Com ajuda de projetos sociais, Maria passou por tratamento odontológico, reencontrou a família e conseguiu um emprego como cuidadora de crianças. Em 2023, foi convidada a assistir ao show de Madonna no Rio de Janeiro, onde mais uma vez dançou para o filho.
“Eu me culpei muito. Achei que tinha falhado como mãe. Mas hoje sei que minha dor virou força”, desabafou. Ela revela que sua dança foi um grito silencioso de quem, por dentro, “tinha o coração esmagado.
De Fortaleza a Manaus, passando por cicatrizes
Natural do Ceará e a mais nova de quatro irmãos, Maria perdeu o contato com a família por 30 anos. Durante o vício, viveu à margem, dividindo quartos de hotel com outros dependentes químicos. Ao lado do filho, pagava diárias em alojamentos precários. Nunca chegaram a morar nas ruas, mas estavam no limite da vulnerabilidade.
Seu envolvimento com o tráfico a levou quatro vezes na rota Fortaleza-Manaus como transportadora de drogas. Após a última viagem, decidiu permanecer no Norte com o filho. Em 2009, segundo ela, tudo desandou.
Em 2021, reatou o vínculo com a família e, no ano seguinte, recebeu apoio para se mudar para Guarulhos, onde reconstruiu a vida. Desde então, está empregada e fazendo planos.
“Com a permissão de Jeová, vou buscar meu segundo diploma, agora como psicóloga”.
Hoje, Maria Solange é símbolo de resistência, fé e recomeço. De um vídeo dançando em meio à dor, construiu uma história de superação que inspira milhares.
(*) Com informações do G1.