A Justiça do Amazonas retomou nesta terça-feira (3/12) a audiência de instrução e julgamento do caso da artista venezuelana Julieta Hernández, assassinada em dezembro do ano passado, em Presidente Figueiredo. Na ocasião, cinco testemunhas foram ouvidas presencialmente e uma nova sessão deve ser marcada para a continuidade dos trabalhos.
Uma sexta testemunha era esperada na sessão, mas não compareceu. Por este motivo, o juiz responsável pelo caso decidiu por marcar uma nova sessão, em data a ser definida, e manter a classificação do crime como latrocínio.
A coordenadora-geral de prevenção a violência contra mulheres do Ministério das Mulheres, Simone Souza, esteve presente no Fórum de Presidente Figueiredo, para o apoio de tipificar o crime como feminicídio, e não latrocínio como está sendo tratado. A representante ainda reforçou que não foi autorizada a sua entrada na audiência.
“Nós não podemos acompanhar, pelo entendimento do indeferimento inicial da juíza de não entrarmos na audiência prossegui. Mas o dr Nicodemos nos trouxe informações importantes, no sentido que esse assassinato é um feminicídio. O Ministério das Mulheres vai seguir apoiando a família e lutando junto para ser reclassificado de latrocínio para feminicídio, porque é exatamente o que foi”, finalizou a representante do Ministério das Mulheres.
O advogado da família, Carlos Nicodemos, confirmou sobre a nova audiência devido a uma sexta testemunha, ser fundamental para a defesa dos réus.
“Nós tivemos hoje a oitiva de cinco testemunhas, haviam seis testemunhas arroladas na acusação inicial do Ministério Público, ficou pendente uma testemunha, que pela assistente de acusação foi entendida como importante e fundamental. A juíza acolheu essa condenação e então vai designar uma nova data para ouvir essa sexta testemunha. Com essa oitiva e a oportunidade de os acusados serem ouvidos para se autodefender ou não, a juíza então avaliará o curso do processo, se vai caminhar na perspectiva do feminicídio ou do latrocínio”, finalizou Nicodemos.
A primeira etapa da audiência ocorreu no dia 30 de agosto, mas foi adiada porque, conforme o advogado da família de Julieta, Carlos Nicodemos, estava faltando no processo o documento referente ao segundo depoimento da acusada.
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Julieta, conhecida como “Palhaça Jujuba”, foi morta enquanto viajava pelo Brasil de bicicleta. Ela estava a caminho de seu país de origem quando desapareceu no dia 23 de dezembro, no município de Presidente Figueiredo.
A próxima parada dela seria em Rorainópolis, em Roraima, antes de cruzar a fronteira com a Venezuela.
No dia 6 de janeiro deste ano, o corpo da artista foi encontrado em uma mata. As investigações apontam que Julieta foi estuprada, assassinada e teve seu corpo queimado pelo casal.
Em janeiro, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) denunciou Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos pelos crimes de estupro, latrocínio (roubo seguido de morte) e ocultação cadáver. Agora, a família de Julieta pede a mudança da tipificação dos crimes.