O deputado estadual e ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB) esteve hoje no estúdio da Onda Digital no programa Meio Dia com Jefferson Coronel, e falou sobre o teto de gastos e como ele será tratado no vindouro governo Lula.
Serafim afirmou:
“A União é o único ente que pode se endividar, estados e municípios não. Vamos aos números: o orçamento pro ano que vem é de R$ 5 trilhões e 200 bilhões. Ele foi feito prevendo um Auxílio Emergencial – que ano que vem volta a se chamar Bolsa Família – de R$ 400. Tanto um candidato quanto o outro sabiam que, sem quebrar o teto, seria impossível pagar um auxílio de R$ 600, e os 2 prometeram auxílio de R$ 600. Então, o orçamento já passa aí a ser uma peça de ficção.
Bem, o Brasil tem R$ 4 trilhões em dívida ativa. Se arrecadasse só 5% disso, R$ 200 bilhões, tava resolvido o problema do Auxílio. Só que, no melhor ano, 2021, arrecadamos só R$ 40 bilhões, bem abaixo do que precisaria. Na minha visão, o Brasil vai precisar passar nos próximos anos, e isso é uma discussão que vai acabar em ideologia, por uma reforma tributária. Porque hoje, quem paga imposto no país é pobre”.
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Ao ser perguntado sobre a possibilidade de uma reforma tributária afetar negativamente o Amazonas e a Zona Franca de Manaus, Serafim declarou:
“A Zona Franca é um modelo que serve ao país. Lembro a frase do professor Samuel Benchimol, ‘a ZFM não é um paraíso fiscal, é um paraíso do Fisco’. Na hora em que se coloca no papel, a ZFM custa tanto. E quanto ela arrecadou? Quanto foi que o Brasil mandou pro Amazonas? E quanto levou de volta? Levou o dobro. O Brasil mandou 10 bilhões e levou de volta 20 bilhões. Isso em números redondos, hoje deve ser um pouco mais, ou menos. Então, a ZFM não é algo difícil de defender, só é preciso que estejam predispostos a ouvir, e eles não querem ouvir.
Além disso, menos de 1% dos produtos produzidos na ZFM ficam em Manaus. 99% vai pra São Paulo e de lá é distribuído pro resto do país. Então, o principal beneficiário da ZFM é o consumidor que está em SP. Ora, o Brasil é um país capitalista e as empresas que vieram pra cá o fizeram pra produzir por um preço menor. O Paulo Guedes ironizou a questão do concentrado de refrigerante aqui, chamou de ‘xaropinho’… Pois bem, o consumo de Coca-Cola aqui no AM é 1% do nacional. O grande consumidor de Coca é o do Sul e Sudeste. Então, a Zona Franca não é de Manaus, é do Brasil”.
Na primeira parte da conversa, também participou, de forma remota, a professora e socióloga Marilene Corrêa, que vai participar da equipe de transição do governo Lula. Eles conversaram sobre a Amazônia e a importância dela para o próximo governo. A entrevista completa você pode conferir aqui.