O município de Apuí (a 453 quilômetros de Manaus) completou duas semanas em isolamento total devido à interrupção no tráfego por via terrestre após inundação do rio Madeira na BR-230, da Rodovia Transamazônica.
A cidade enfrenta falta de abastecimento de alimentos, água mineral, combustíveis, dificuldades de mobilidade devido ao desabamento de pontes e bueiros em rodovias federais, estaduais e estradas vicinais, comprometendo o deslocamento da população e o escoamento da produção local.
Veja trecho intrafegável Humaitá – Apuí
O Departamento Nacional de Transportes (Dnit) fez contrato emergencial de balsas para o transporte gratuito de alimentos, medicamentos, combustíveis e outros produtos até o município.
O Governo do Amazonas homologou na última quinta-feira (10/4) a Situação de Emergência no Município de Apuí, devido à elevação das águas do rio Madeira, na Calha do Madeira, ocasionando a inundação de bairros, causando danos materiais, ambientais, econômicos e sociais.
Com exclusividade à Rede Onda Digital, o prefeito de Apuí, Antônio Marcos Maciel Fernandes (MDB), mais conhecido como Marquinhos Macil, falou sobre o atual momento de isolamento que o município passa.
Na série de entrevistas especiais com figuras importantes do Amazonas, o chefe do executivo municipal de Apuí, abordou sobre a falta de abastecimento da cidade, e dificuldades sofridas com esse fenômeno da cheia do rio Madeira.
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Leia a entrevista na íntegra:
Rede Onda Digital – Como se encontra a situação do isolamento no município de Apuí. O município sofreu o isolamento completo devido à cheia?
Marquinho Macil – O maior alagamento que nos isola é no município de Humaitá, ela está a 370 quilômetros daqui (Apuí). Mas como a cidade é a nossa via de acesso para alimentação e combustível, a gente acabou ficando isolado. A água mineral não têm em nenhum local, não temos combustíveis seja diesel, ou gasolina. Muitas coisas estão faltando mesmo. As aulas estão suspensas por conta do transporte escolar, postos de saúde do interior de Apuí estão todos fechados porque não tem como manter os carros para não correr risco de desabastecimento, então estamos dando prioridade apenas para às ambulâncias urgência e emergência.
Veja vídeos do isolamento de Apuí
Rede Onda Digital – Quais ações a Prefeitura de Apuí e o Governo Federal estão fazendo no sentido de tentar minimizar os prejuízos?
Marquinho Macil – No início do isolamento, mesmo sem ajuda do Governo Estadual e Federal, a prefeitura correu com apoio de entrega de cestas básicas, alojar as pessoas que estão desabrigadas, fornecendo caixas d’água e, água potável. No Distrito de Sucuruí nossa equipe pega água potável no poço artesiano e leva até essas casas para manter a população. A prefeitura está com quatro frentes de serviço.
As estradas estão arrebentando demais devido às cheias. Na última sexta-feira (11/4) foram feitas duas fontes, então a prefeitura tem trabalhado bastante nesse sentido.
O Dnit está fazendo uma licitação para alugar balsas, para transportar de Humaitá até o ramal da Prainha que é aqui perto de Apuí a 100 km, todos os caminhões, carretas que estiverem trazendo bens de consumo os emergenciais água mineral, medicamentos, alimentos e, perecíveis. Então está nessa linha, o apoio está bem adiantado.
Momento de carros se arriscando na inundação
Rede Onda Digital – Todos os anos acontece o isolamento no município devido à cheia do rio Madeira?
Marquinho Macil – É a terceira vez, a última grande cheia foi a histórica, bem maior que essa. Nós ficamos mais de 60 dias totalmente isolados. A mesma situação aconteceu em Humaitá, há cerca de 11 anos.
Rede Onda Digital – A cidade de Apuí ficou alagada em algum momento da cheia do rio Madeira?
Marquinho Macil – Ela larga em alguns bairros em momento de chuvas torrenciais, como está neste momento aqui, mas a cidade é bastante alta, então ela fica apenas isolada em dois bairros que sofrem com a situação de alagamento, mas é aquele alagamento passageiro, tipo de uma ou duas horas.
Veja cidade de Apuí alagada
Rede Onda Digital – Ocorreu alguma morte ou acidente grave devido à inundação e o isolamento de Apuí?
Marquinho Macil – Houve acidentes por conta de rompimento inesperado da estrada. Eentão houve o rompimento da estrada e a pessoa não sabia, caiu dentro, capotou o carro, fraturou, mas assim por conta desse tipo de desastre, porque a estrada cortou em mais de 40 pontos diferentes.
Rede Onda Digital – Como está a questão do racionamento de energia no município? A Amazonas Energia está apoiando Apuí? Chegou o combustível para o abastecimento de energia na cidade?
Marquinho Macil – A questão de racionamento de energia ela foi muito grave muito e severa em Santo Antônio do Matupi, distrito de Manicoré que fica entre Humaitá e Apuí. Ma aqui (Apuí) não teve falta de energia, nós conseguimos nos manter porque o reservatório aqui é um milhão de litros a litragem, então ele aguenta esse tipo de evento.
Veja pronunciamento do prefeito de Apuí Marquinhos Macil
Rede Onda Digital – Conte sua história com Apuí?
Marquinho Macil – Meus pais são gaúchos, mas a gente morava no Norte do Paraná. Nos anos 80 meu pai veio para o Amazonas e depois voltou para buscar toda a família assim nos criamos em Apuí. Na época tinha apenas 20 famílias no município.
A Transamazônica era nova, então era uma maravilha com asfalto. Nossa casa e terreno foram abertos no machado. Então eu acabei me tornando político sem querer só por popularidade mesmo.
A população apuiense começou a se formar em 1983 quando teve uma grande cheia na região de Sudoeste do Paraná precisamente Francisco Beltrão e o Incra concedeu a essas famílias desabrigadas terras em Apuí.
Em 2008, sem nunca ter me envolvido em política, me candidatei a prefeito e me elegi prefeito. Em 2012 o meu vice-prefeito rachou o grupo e ganhou a eleição. Doze anos depois meu nome estava muito falado na cidade e, coloquei meu nome novamente e ganhei uma eleição apertada, mas estamos à disposição de Apuí.
Sobre Apuí
Apuí é um município conhecido pela sua terra fértil, economia dinâmica e potencial agropecuário. Apuí, a terra do café e do gado.
O Município de Apuí teve sua emancipação política através da Lei Estadual Nº 1.826, de 30 de dezembro de 1987.
A população da cidade de Apuí chegou a 20.647 pessoas no Censo de 2022, o que representa um aumento de 14,66% em comparação com o Censo de 2010.
