Após semanas de intensa repercussão envolvendo a denúncia de agressão feita por Kaline Milena contra o cantor Diego Damasceno, a promotora de eventos decidiu se pronunciar nas redes sociais na noite desta quarta-feira (21/5). Em carta aberta publicada no Instagram, Kaline confirmou a desistência da denúncia e esclareceu que o recuo ocorreu num momento de fragilidade emocional e medo.
O caso envolvendo a agressão e a desistência da medida protetiva, no entanto, ganhou um novo desdobramento com o pronunciamento da advogada Adriane Magalhães, que afirma ter sido “usada” pela vítima.
Em carta aberta, Kaline assume que pediu a absolvição do agressor e que estava cercada de pessoas ligadas a ele, o que pode ter motivado a desistência da denúncia.
“Sim, eu recuei. Sim, eu escrevi aquela carta. Mas o que poucos sabem é que, naquele momento, eu estava emocionalmente esgotada, cercada por pessoas ligadas a ele”, escreveu Kaline. “Não fui coagida. Mas também não estava bem”, completou.
A denúncia inicial foi feita no dia 6 de abril, após uma discussão entre o casal no bairro Parque 10, zona Centro-Sul de Manaus. Kaline relatou ter sido agredida com socos dentro do carro, o que resultou na quebra de três dentes. Segundo a vítima, as agressões teriam sido motivadas por ciúmes. Ela também citou episódios anteriores de violência, em julho e outubro de 2024.
Carta e audiência
No início desta semana, Kaline entregou uma carta manuscrita à Justiça do Amazonas solicitando o fim do processo e a retirada da medida protetiva. No texto, ela afirma que ambos estavam alcoolizados no momento da discussão e que teria iniciado a briga ao lançar um carregador de celular contra o companheiro. A Justiça do Amazonas decidiu, então, pela soltura de Diego Damasceno, alegando ausência de provas materiais e com base no princípio da autonomia da vítima.
Durante a audiência, Kaline optou por não confirmar os relatos feitos anteriormente à polícia. O Ministério Público do Amazonas (MPAM) destacou que, nesses casos, é necessário que a vítima reafirme os fatos em juízo para dar continuidade ao processo — o que não ocorreu.
Resposta da advogada
A reviravolta provocou reação da advogada Adriane Magalhães, que acompanhou Kaline desde o início do caso. Em uma live realizada na noite de terça-feira (21), Adriane afirmou ter se sentido traída pela mudança de postura da cliente.
“Ela me pediu ajuda chorando, com hematomas, dentes quebrados, dizendo que queria justiça. Eu estava na delegacia, presenciei tudo, e só divulguei a situação após autorização dela, inclusive registrada em vídeo”, disse.
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Sem reconciliação
Apesar do recuo, Kaline negou em sua carta qualquer possibilidade de reconciliação com Diego Damasceno. “Não existe essa possibilidade, como muitos cogitaram. […] Minha história não muda. Minhas marcas também não. Elas estão no meu rosto e nos dias que precisei reaprender a viver”, escreveu.
Ela também se desculpou publicamente com a advogada Adriane, reconhecendo que a profissional apenas tentou ajudá-la. “Peço publicamente perdão à Dra. Adriane Magalhães, que me acolheu desde o início com coragem, empatia e ética. Ela jamais me induziu a depor”, declarou.
Veja a publicação:

Repercussão e debate
O caso segue gerando reações nas redes sociais, dividindo opiniões. Enquanto alguns usuários demonstram empatia com a dor emocional vivida por Kaline, outros apontam que a retirada da queixa e a nova versão enfraquecem o sistema de combate à violência contra a mulher. A complexidade emocional que envolve situações de abuso tem sido discutida por especialistas, que alertam para os impactos da revitimização e do julgamento público precoce.
Kaline finaliza sua carta afirmando que está em processo de reconstrução:
“Hoje, só quero seguir. Com mais verdade. Com mais maturidade. E longe de qualquer ciclo de dor, inclusive aquele que eu mesma alimentei por medo.”