Um clima de profunda comoção tomou conta da Escola Estadual Jairo da Silva Rocha, no bairro São José Operário, nesta segunda-feira (7/7), durante uma homenagem realizada em memória de Fernando Vilaça, adolescente de 17 anos morto na semana passada. Fernando foi espancado e a morte é considerada como um crime com motivação homofóbica, na zona Leste de Manaus.
Entre cartazes, flores e homenagens emocionadas, colegas, professores e familiares se reuniram para prestar a última reverência a um jovem descrito como alegre, companheiro e cheio de sonhos.
“O Fernando era uma pessoa maravilhosa, de bem com a vida, sempre sorridente… Ele era tão gente boa”, disse Miguel Fonseca, amigo e colega de classe, com a voz embargada.
Outros estudantes também expressaram a dor da perda. Hiandquel da Silva, 17, afirmou que ainda tenta processar o que aconteceu.
“Não sei nem o que dizer… Ele não merecia isso. Foi muito cruel”, lamentou.

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Sonhos interrompidos pela violência
Fernando teve sua vida interrompida de forma covarde atacado por dois homens, no momento em que questionou ofensas homofóbicas que sofria. De acordo com a perícia do Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte foi edema cerebral, hemorragia e traumatismo craniano provocados por agressão física.
“Eles ofendiam ele de ‘viadinho’… e aí bateram tanto, que ele já caiu morto”, relatou, abalado, Elson Amorim Vilaça, tio de Fernando.
Um momento de dor, mas também de resistência
Durante a cerimônia na escola, a dor deu lugar à solidariedade e ao desejo de justiça. Em uma das salas decoradas com fotos e mensagens de carinho, colegas de Fernando se abraçaram em prantos, mostrando o impacto que ele deixou entre os amigos.
“Essa homenagem representa não só o carinho, mas também a nossa indignação. Que a escola seja esse lugar de memória e também de luta por uma sociedade mais justa”, afirmou Herton Miranda, administrador da unidade escolar.
Veja o vídeo:
“Fernando, presente!”
A comunidade escolar se uniu em um só sentimento: manter viva a memória de Fernando e transformar sua história em símbolo de mudança. “Que sua ausência nunca seja em vão”, dizia uma das faixas estendidas no pátio.
A morte de Fernando gerou indignação em todo o estado. Organizações de direitos humanos, parlamentares e instituições como a OAB-AM já se pronunciaram cobrando uma apuração rigorosa do caso e medidas firmes contra a LGBTfobia.
No coração dos amigos e familiares, Fernando permanece. Não como vítima, mas como semente de resistência.