Caso Benício: vídeos mostram atendimento completo antes da morte da criança

(Foto: Reprodução)
Novos vídeos da chegada do menino Benício Xavier, de 6 anos, ao Hospital Santa Júlia, em Manaus, foram divulgados na noite deste domingo (7/12), pelo Fantástico, da Rede Globo. Nas imagens, a criança chega acompanhada pelos pais andando na unidade de atendimento hospitalar para tratar de uma tosse e suspeita inicial de laringite, mas morreu após receber uma dose equivocada de adrenalina na veia.
Segundo a família, a condição já havia sido tratada no mesmo hospital um mês antes, quando ele recebeu adrenalina por inalação.
A mãe, Joice Xavier de Carvalho, relatou que acreditava se tratar apenas de uma inflamação na garganta e pediu atendimento no setor de emergência. Ela e o marido, Bruno Mello de Freitas, permaneceram com o filho por quase 14 horas no hospital.
A médica responsável pelo atendimento, Juliana Brasil Santos, prescreveu adrenalina intravenosa pura, sem diluição, totalizando 9 mg divididos em três aplicações de 3 mg. Segundo especialistas, esse tipo de administração é indicado apenas em situações de extrema gravidade, como parada cardiorrespiratória, e sempre em doses muito pequenas e com monitoramento intensivo.
Quando a mãe viu o soro preparado para injeção, questionou a técnica de enfermagem, Raiza Bentes, sobre a ausência da inalação, procedimento que já conhecia.
Por sua vez, Raiza disse nunca ter realizado a administração intravenosa, mas seguiu a prescrição médica. Logo após a aplicação, Benício apresentou palidez e queixas de dor no peito. A família pediu ajuda, e a técnica procurou a médica para relatar a reação.
Em mensagens enviadas a outro médico, Juliana admitiu ter cometido um erro na prescrição. Em relatório ao hospital, voltou a confirmar a falha.
Benício foi levado para a sala de emergência e, posteriormente, transferido para a UTI. Segundo os pais, ele chegou consciente, porém com dificuldade respiratória. Após algumas horas, precisou ser intubado. O menino sofreu seis paradas cardíacas e não resistiu.
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“É uma dor muito grande que vou levar para a minha vida toda. Pelo que a gente está analisando, verificando, observando, é uma sucessão de erros”, disse o pai, que atribui a morte do filho a uma sequência de falhas da equipe.
A Polícia Civil investiga erros no atendimento, incluindo possíveis problemas na intubação e a ausência de conferência da prescrição por um farmacêutico — procedimento obrigatório. O presidente do Conselho Regional de Farmácia do Amazonas afirmou que o profissional teria identificado a superdosagem se tivesse sido acionado.
O delegado Marcelo Martins classificou o caso como homicídio, destacando falhas sucessivas de checagem tanto da médica quanto da técnica de enfermagem. “Benício não teve chance”, afirmou.
Raíza Bentes, técnica de enfermagem há sete meses, foi suspensa pelo Conselho Regional de Enfermagem e responde em liberdade. Ela sustenta que apenas seguiu a prescrição. A defesa informou que só irá se manifestar após a conclusão do inquérito. A médica Juliana Santos Brasil foi afastada e conseguiu habeas corpus preventivo para evitar prisão.
Ela afirmou à Justiça que o sistema eletrônico teria alterado a forma de administração da adrenalina sem que percebesse. A área de TI do hospital nega a possibilidade de erro automático no sistema.
O diretor médico do Hospital Santa Júlia declarou que a administração está elaborando medidas para impedir que falhas semelhantes ocorram novamente.
Benício era filho único e faria 7 anos no Natal. “Ele era puro, carinhoso e obediente. A criança mais doce que já conheci”, disse o pai, emocionado.
(*)Com informações do G1






