Em áudio obtido pelo jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Educação Milton Ribeiro afirmou em reunião com prefeitos que repassa verbas da sua pasta a municípios indicados por dois pastores evangélicos, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No áudio, Ribeiro afirma:
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar. Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”.
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No áudio, Ribeiro estaria se referindo aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Santos é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil Cristo Para Todos (Conimadb). Moura também é da Assembleia de Deus. Nenhum dos dois tem cargo oficial no governo, mas participaram de várias reuniões com autoridades nos últimos anos.
Ainda no áudio, a respeito do suposto apoio, Ribeiro diz:
“Então, o apoio que a gente pede não é segredo. Isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas”.
O ministro diz ainda que há uma contrapartida para esses repasses, mas não dá detalhes sobre isso.
Desde a repercussão dessa reportagem e desse áudio, políticos de oposição ao governo já começaram a pedir a demissão do ministro. O PSOL já afirmou que entrará com representação no Ministério Público para investigar Ribeiro, Bolsonaro e os dois pastores. O partido diz ainda que podem ter sido cometidos os crimes de tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa. Até lideranças da bancada evangélica já deram a Ribeiro prazo de 24h para se explicar e estudam a possibilidade de pedir a exoneração do ministro.
Espera-se que o Ministério da Educação divulgue nota sobre o ocorrido ainda hoje.