Renato Marques se tornou o protagonista da partida entre América-MG e Santos, válida pela Série B, realizada na noite de sexta-feira (24/5) em Belo Horizonte. O atacante do time mineiro abriu o placar aproveitando-se das dores do goleiro João Paulo, que suspeita de lesão no tendão do tornozelo. O gol gerou intensa discussão sobre a conduta do jogador e a decisão do árbitro Wilton Pereira Sampaio.
O UOL ouviu ex-árbitros para avaliar o lance controverso, que também foi tema de entrevistas coletivas do técnico Fábio Carille, do Santos, e Cauan Almeida, do América-MG. Divergências surgiram tanto dentro quanto fora de campo, com destaque para a postura de Juninho e Alê, jogadores do América-MG, que se desculparam e mencionaram “hipocrisia”, respectivamente.
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Carlos Eugênio Simon destacou a importância do fair play, sugerindo que Renato Marques deveria ter evitado marcar o gol, assim como o árbitro deveria ter parado o jogo.
“O João Paulo está com o domínio da bola e, quando vai chutar, sente o tendão e desiste de jogar. O Renato Marques deveria chutar para fora em razão do fair play, e o Wilton deveria ter parado o jogo pelo mesmo motivo. Uma vez que o gol foi confirmado, o árbitro não pode voltar atrás. Lembro de dois lances: um do Rodrigo Caio dizendo que cometeu infração e fazendo o árbitro tirar o cartão do adversário [Jô] e do Klose, que fez um gol de mão, mas avisou o árbitro e o lance acabou anulado. Mais fair play no futebol e na vida”.
Ulisses Tavares questionou a falta de fair play, mas considerou o gol válido já que a bola estava em jogo.
“Faltou fair play por parte do atleta do América-MG, mas aconteceu falta no lance? O goleiro do Santos esteve com a posse da bola. Por que não colocou ela para fora? A bola estava em jogo, portanto, o gol foi legal ao meu modo de ver. Faltou realmente o fair play, mas esse é o nosso futebol. Com respeito ao Wilton paralisar o jogo, o código diz que o árbitro só deve fazê-lo em choque de cabeça”.
Manoel Serapião enfatizou a questão ética, defendendo que o gol deveria ser validado pela imediatidade do lance.
“A questão é mais ética do que legal. Pela regra, o gol deve ser marcado e o árbitro não deveria paralisar o jogo porque a bola passou para o domínio do atacante imediatamente, sem qualquer hiato, após a suposta contusão do goleiro — e que não foi na cabeça. Eticamente, é difícil opinar, mas pela imediatidade em que tudo ocorreu, acho que não se pode censurar o atacante. Se fosse ele [Renato Marques] que estivesse a ponto de marcar um gol e se contundisse, o adversário deveria marcar um gol contra para ele?”.
Emidio Marques sugeriu que a arbitragem deveria ter interrompido a partida para avaliar a lesão de João Paulo, reiniciando o jogo com bola ao chão.
“Arbitragem é pensar e é, também, ter bom senso. O árbitro deveria interromper a partida, consultar o médico — responsável por avaliar a veracidade de lesão — e não validar o gol, reiniciando o jogo com bola ao chão no local da contusão. O fato de a bola ter entrado na meta não constitui um gol: isto só ocorre quando o árbitro determina que o lance é válido e que está dentro das regras do jogo”.
No entanto, Alê, depois do fim do jogo, defendeu a jogada e citou hipocrisia de jogadores do Peixe.
“Pedi espaço para falar duas coisas. Amanhã (sábado), vocês falem do desempenho do América, não do lance porque vai apagar o desempenho do América. O América deu um chocolate no Santos. Os jogadores tem que parar de ser hipócritas”.
*Com informações do UOL