Celso Morais foi eleito prefeito de Paraíso do Tocantins nas eleições de 2020, após obter expressivos 72% dos votos. Enquanto vice-prefeito da gestão anterior (2017/2020), por duas vezes, em abril e setembro de 2019, chegou a assumir a gestão em razão afastamentos do titular.
Graduado em Ciências Contábeis pela Ulbra-TO, é descendente de tradicional família de emedebistas da cidade. Antes de entrar na vida pública, administrou a empresa familiar, ligada ao ramo da construção civil.
Nesta entrevista exclusiva a Rede Onda Digital, ele aborda temas relevantes como o potencial econômico do município, arrecadação de impostos e a realização de concurso público, previsto para ocorrer ainda em 2023.
Faltando menos de um ano para eleição, contudo, sem abordar o aspecto da propaganda antecipada, o senhor já pensa no processo eleitoral de 2024? Pensa em tentar a reeleição?
Muito seguro e com os pés no chão, não permito que a militância ou os eleitores entrem o clima de já ganhou. É lógico que o clima político é inerente a um prefeito e exercício e eu percorro as ruas da cidade de Paraíso com a convicção de que estou no caminho certo, De cabeça erguida, pois faço um trabalho transparente e bem intenso desde 2017 aqui na cidade, em todas as nossas andanças a comunidade tem nos abraçado e reconhecido as nossas obras e realizações. Em todos os levantamentos que fiz junto à sociedade nunca obtive resultados menores do que 80% de aprovação. Nestas circunstâncias, creio que a candidatura a reeleição acontecerá de forma natural.
Em relação a sigla partidária, o Sr. permanecerá no mesmo partido?
Tenho visto articulações políticas, mas creio que está muito cedo para falar sobre esse tema. O que eu posso dizer é que o meu cartão de apresentação é a minha gestão. Enquanto prefeito nesses três anos tenho realizações para servir como meu legado. Espero que no dia da eleição a comunidade possa avaliar as ações e me conceder mais um mandato. Quanto ao partido, estou filiado ao MDB de desde 2006 e é meu único partido. Tenho raízes dentro da sigla, pois meu pai e minha mãe foram pioneiros na implantação do partido na cidade, desde 1981. Portanto, não vejo necessidade de mudança de sigla, mas é lógico que isso também pode ser reavaliado, caso não haja convergência. Contudo, acredito que tanto o presidente Estadual, o ex-governador Marcelo Miranda, com quanto o presidente do diretório municipal, que tem total autonomia, me dão segurança e garantia de disputa de reeleição dentro do MDB.
*Em relação a políticas de gestão e ao Refis 2023, quais foram os parâmetros que levaram a definir por isso?*
Sempre há inadimplência em cidades do interior, no que concerne a questões dos impostos municipais. O Refis é um mecanismo que todos os gestores utilizam e, em todas as vezes, há uma adesão muito grande por parte da população, que na sua grande maioria, quer resolver suas pendências. Isso melhora muito arrecadação e estamos apenas aguardando a aprovação do projeto de lei, por parte da Câmara Municipal, para que possamos colocar o Refis em atividade, com validade de 90 dias. É uma pratica comum das gestões municipais, como disse, de forma a propiciar desenvolvimento e desafogar o contribuinte. Além disso, vem de encontro a uma fase difícil pelo qual os municípios tem passado que é a queda nos repasses do FPM.
Em relação a luta da Associação Tocantinense dos Municípios em participar da mobilização nacional dos prefeitos em Brasília, qual o seu posicionamento em relação a essa pauta?
Sou muito fiel e participativo quanto as reivindicações da Associação. Me coloco no lugar de prefeitos de localidades que tem o FPM como a maior fonte de arrecadação. A cidade de Paraíso não vive apenas desse fundo, mas naturalmente, temos a preocupação com a queda do repasse. Entretanto, posso afirmar que a única forma de sensibilizar as autoridades é essa luta das associações junto à Confederação dos Municípios, para que as realidades sejam mudadas junto à Câmara Federal, Senado e presidência da república. A conduta do Governo Federal, infelizmente, tem colocado os municípios em dificuldade. Os prefeitos e os vereadores de cada cidade são os primeiros a enfrentar os problemas da população, pois as famílias vivem nos municípios e nós devemos sempre estar atentos em busca dos benefícios para a nossa população, visando ofertar melhor qualidade de vida para eles.
E no tocante a sua relação com a câmara municipal?
Considero como muito boa, porque quando fui eleito em 2020, consegui trazer junto comigo uma base sólida de 11 dos 13 vereadores. Isso nos deu tranquilidade para termos governabilidade. Em que pese essa pequena oposição, sempre obtivemos a parceria deles nas nossas pautas proativas para a cidade de Paraíso. Exatamente por tal razão é que a câmera também é muito bem avaliada, pois tem se mostrado estar compromissada com o bem-estar da população. As visitas institucionais dos vereadores no meu gabinete ou eu em visita a própria câmara são sempre republicanas e respeitosas. Isso é ótimo para o município.
O concurso público para vários cargos de nível fundamental, médio e superior atraiu a atenção de muitos tocantinenses, como também, pessoas de fora do Estado. Houveram inscrições acima do esperado, inclusive. Os seus estudos apontavam que realmente era necessário a realização de um grande concurso do Município?
O último concurso foi em 2005 e já estava na hora de realizar outro, pois muitos servidores acabam se aposentando ou pedindo exoneração. A população já estava ansiosa pela realização do certame. Na minha plataforma eleitoral na eleição de 2020 já estava prevista a realização de um concurso. Eu não prometi nada que não pudesse cumprir, mas o concurso era uma das minhas promessas. Agora estou tendo oportunidade de realizá-lo, assim como todos os outros projetos que estavam no meu plano de governo. Tenho apreço pelos servidores concursados porque a minha família, meu pai e minha irmã, são funcionários públicos concursados. Eles me mostraram a importância da estabilidade e não ficar à mercê da politicagem ou da falta de segurança advindas de contratações temporárias.
Assinamos o contrato com a fundação FEPESE, ligada a universidade federal de Santa Catarina, no final desde 2022, em que pese estar lutando pelo concurso desde o início do mandato. Esperamos por 4 mil inscritos, mas tivemos quase 12 mil inscrições para 257 vagas. Nosso desafio agora é a logística para aplicação das provas e, provavelmente, aplicaremos parte das provas em Palmas. Nossas escolas de Paraíso não tem condições de abrigar tanta gente. Faremos as comunicações oficiais em breve, dentro do prazo razoável para que os candidatos se reorganizem, visto que a transparência é essência num certame dessa magnitude.
O deputado Valdemar Junior encampou a luta pela duplicação das rodovias que chegam a Palmas. Uma das mais importantes é a TO-080 que liga a capital a Paraíso, pois é uma via que dá acesso à BR-153. Qual sua percepção sobre esse tema?
Com a mais absoluta certeza é um assunto de extrema relevância, não apenas para Palmas, mas para todos aqueles que chegam até a capital através desta via que, diga-se de passagem, tem o nome do meu avô Newton José de Morais, o pai do meu pai, ainda em 1992.
O trânsito dessa rodovia hoje é intenso, principalmente nos horários de pico na parte da ponte sobre o Rio Tocantins, como na travessia do distrito de Luzimangues. Isso acaba alongando a viagem em mais de meia hora ou 40 minutos. Muito mais do que necessária essa duplicação, sugerida pelo Deputado Valdemar JR, é de crucial importância, uma vez que é extremamente necessária para o escoamento da produção e para o acesso ao Pátio multimodal da ferrovia norte-sul. Temos que analisar de que forma isso seria mais viável, se pela federalização ou pela duplicação através de emendas parlamentares, mas o fato é que dentre as rodovias que chegam até Palmas, esta é a mais importante na minha visão.
E quanto a revitalização da circuito industrial de Paraíso?
O círculo do frango chegou a ser o maior empregador do Estado do Tocantins, com mais de um mil e quinhentos empregos, mas infelizmente em 2017, ele acabou fechando. Quando assumi a Prefeitura de Paraíso, consegui após muita articulação, trazer a “Frango americano”. Trouxemos também a fábrica de ração, através da cessão de uso de um galpão que estava cedido ao município, mas vinculado ao Estado. Contribuímos com a abertura dessa unidade que viabilizou o funcionamento todas as granjas da região. Hoje são 116 galpões aqui na nossa cidade. No entanto, o abate dos frangos continua sendo realizado no bico do papagaio na cidade de Aguiarnópolis.
Inobstante a isso, muitas outras empresas de grande porte se estabeleceram em Paraíso e isso revitalizou o desenvolvimento da cidade. Hoje, o nosso problema é mão de obra, pois as empresas exigem pessoas qualificadas, mas nem sempre podemos atendê-las nas suas expectativas. Ao mesmo tempo, vejo com alegria essas ofertas porque a cidade tem crescido muito com isso e várias empresas de grande porte estão se estabelecendo por aqui, em todos os setores, como logística e transporte por exemplo.
Atualmente, contamos com um frigorífico que emprega mais de 900 pessoas e já com expectativa de expansão podendo contratar até 1250 servidores, em breve espaço de tempo. Resumindo: o momento é muito bom, a força econômica da cidade é pujante e estamos no melhor momento. Ao contrário do que muitos possam acreditar, isso não me traz vaidade, mas sim muita responsabilidade com todas essas pessoas e empresas. Eu tenho consciência da minha importância nesse contexto. Contudo, em razão do comércio da cidade estar quase sempre aquecido – independentemente do gestor que esteja ocupando a prefeitura – eu costumo dizer que se ele não atrapalhar, já é de grande valia.
Muito obrigado pela sua atenção com nossa equipe
Eu estou muito agradecido pelo espaço cedido, oportunidade única de mostrarmos nossas ações em prol da comunidade. Estaremos sempre prontos a atendê-los, pois a imprensa contribui muito para a transparência das gestões.