Desde sexta-feira (22), equipes de fiscalização acompanham a situação do incêndio que atingiu uma área de capim dourado, no povoado de Mumbuca, na região do Jalapão, no Tocantins. Segundo o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), a área queimada é de três mil hectares e equivale a três mil campos de futebol.
A destruição afetou diretamente a população que depende da matéria-prima usada na confecção de artesanatos com o capim dourado. A colheita começaria no dia 20 de setembro, conforme já é tradição nos campos da região. A festa que marca o início da colheita aconteceu no dia 16 de setembro.
Para a professora e artesã da comunidade, Sirlene Matos, o sustento de muitos artesãos que dependem da colheita foi arrasado junto com as plantações.
“Ficamos muito tristes com isso, chegar ao campo vir só fumaça, só cinzas, com o capim dourado – com o ouro – que é o pão na mesa, junto queimado”, lamentou.
Apesar dos prejuízos tanto financeiros e até mesmo culturais para a população do povoado Mumbuca, as chamas já estão controladas. O presidente do Naturatins, Renato Jaime, afirmou que não se pode descartar a possibilidade das chamas serem provocadas. Mas a situação está sendo investigada.
“Existem dados e levantamentos de informações anteriores a esse evento que a gente vai estar concluindo no decorrer da semana, para ver se a gente consegue identificar pelo menos onde começou. Mas existe uma possibilidade de ter sido um incêndio provocado por alguém”, explicou o secretário.
O governo ainda estuda a possibilidade de ajudar financeiramente as comunidades que foram prejudicadas com o incêndio nos campos, informou.
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Por lei, para garantir a preservação da espécie, a retirada do capim dourado no Jalapão só é liberada até o mês de novembro, quando as sementes da planta estão maduras. Durante a colheita, as sementes são devolvidas ao solo.
Ainda não se sabe qual será o prejuízo dos artesãos, extrativistas, agricultores familiares e produtores rurais licenciados pelo governo por causa queimada. Mas a população já sabe que mais da metade da produção foi embora junto com as chamas.
O capim dourado é uma planta típica do cerrado e junto com a habilidade das pessoas que trabalham com a planta, se torna matéria-prima de peças conhecidas no Brasil e no mundo. Somente as comunidades locais podem utilizar as hastes, que também só podem sair da região em forma de artesanato, conforme legislação estadual.
Monitoramento
Na sexta-feira (22), quilombolas denunciaram a situação das chamas no campo Caetano/Faveira. O fogo começou dias depois da tradicional festa da Colheita do Capim Dourado.
Em nota divulgada no mesmo dia, o Naturatins afirmou que assim que identificou o foco de calor, via monitoramento por imagem de satélite, a equipe acionou a brigada de combate a incêndios florestais, mas devido às condições climáticas, o fogo se alastrou rapidamente.
Se o incêndio for identificado como ato criminoso, o órgão explicou que o caso será repassado às autoridades competentes que se tomem as devidas medidas para identificar os autores.