Um advogado, cliente de uma ótica em Santos, litoral de São Paulo, foi identificado como “cliente trouxa” em um recibo do estabelecimento. Erasmo Fonseca, de 47 anos, informou que vai entrar na Justiça contra a ótica.

Tudo começou em 17 de setembro, quando Erasmo, que é especializado em direitos do consumidor, foi até uma unidade da ótica trocar os óculos do filho, de 14 anos. Ele havia comprado os óculos do adolescente no mesmo estabelecimento dois anos antes, mas o grau do menino aumentou, por isso foi necessário trocar a lente. Os vendedores da ótica ofereceram ao adolescente uma nova armação, que foi recusada. Um vendedor, então, sugeriu trocar apenas a lente.

Em 24 de setembro, Erasmo buscou o óculos do filho. No entanto, cerca de uma semana depois, em 2 de outubro, a armação quebrou. O advogado retornou à ótica para pedir um reparo, mas os vendedores negaram, alegando “mau uso” e que a armação, por ter mais de dois anos, não estava mais na garantia.

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A gerente da ótica, que também apontou mau uso dos óculos, ofereceu uma armação nova de material mais frágil. Para não deixar o filho sem óculos, Erasmo aceitou.

A gerente ofereceu uma limpeza na lente e na armação e disse que emitiria o documento de troca. No papel, ele viu como ele era identificado no cadastro da ótica. A funcionária tentou pegar o papel de volta e disse que se tratava de erro de digitação, mas Erasmo conseguiu fotografar o recibo.

Cliente identificado como ‘trouxa’ em documento de ótica (Foto: Divulgação).

O advogado afirmou:

“Eu bati foto e falei ‘eu não vou assinar esse documento e quero os óculos do meu filho’. Aí, eu peguei os óculos, virei as costas e vim embora. No mesmo dia, eu mandei um e-mail pro SAC [Serviço de Atendimento ao Consumidor] da ótica, informando o ocorrido. E até hoje eles não me retornaram para falar sobre isso”.

Uma vendedora disse ao advogado que os funcionários da ótica são treinados para avisar que a troca apenas da lente não dá garantia sobre a armação — mesmo que tenha sido comprada na loja. Porém, Erasmo não foi avisado. Ele declarou:

“Se ele [vendedor] tivesse falado pra mim que havia o risco de quebrar a armação, eu tinha comprado outra. O problema não é dinheiro, o problema é avisar”.

Ele diz que faltou humanidade na conduta da ótica. Ele afirmou:

“Eu achei que foi extremamente infeliz. E causou transtorno, porque eu fiquei, realmente, indignado, triste, chateado, magoou mesmo, sabe? Fiquei magoado, porque se eu tivesse ofendido, se eu tivesse xingado, falado palavrões, tivesse tentado humilhar ela como pessoa ou mesmo a empresa, até eu entenderia escrever trouxa pra mim”.

A ótica se pronunciou com nota sobre o caso, negando que tenha xingado o cliente e informando que todo o problema foi causado por um erro de digitação. A nota diz:

“A data ’03/10/2024′ após a palavra deixa claro que seria ‘trouxe’ e ocorreu um erro de digitação e não uma adjetivação ao cliente, o qual por sinal foi grosseiro e agressivo com as atendentes da loja e agora busca reverter a sua reprovável conduta contra uma mulher aproveitando-se de um erro de digitação. Lamentável”.

*com informações do Metrópoles.

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