A Câmara Municipal de Manaus (CMM) voltou a ser palco de protestos de professores da rede pública municipal, na manhã desta segunda-feira (16/6). O motivo é o Projeto de Lei enviado pela Prefeitura de Manaus, que concede um reajuste salarial de apenas 5,48% para os profissionais da educação. O percentual, segundo os trabalhadores, não cobre sequer a inflação acumulada no período de 12 meses, gerando indignação e sentimento de desvalorização entre a categoria.
Em entrevista à Rede Onda Digital, os vereadores Zé Ricardo (PT) e Rodrigo Guedes (PP) saíram em defesa dos professores. Ambos foram firmes nas críticas ao prefeito David Almeida e ao projeto que, para eles, não apenas é insuficiente, mas também inconstitucional.
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Rodrigo Guedes aponta ilegalidade
Em discurso contundente, o vereador Rodrigo Guedes lembrou que professores e profissionais da educação estiveram presentes na Câmara para acompanhar a tramitação da proposta. Para Guedes, o projeto apresentado pela Prefeitura de Manaus não respeita o que determina a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que exige que a reposição salarial cubra, no mínimo, a inflação do período de um ano.
“O Projeto de Lei apresentado pelo prefeito David Almeida sequer repõe a inflação. Está abaixo da inflação de 12 meses. Isso, além de imoral, é ilegal e inconstitucional”, afirmou Guedes.
Ele detalhou que o cálculo do Executivo municipal ignora o mês de abril de 2025, o que gera uma defasagem no percentual.
“A prefeitura quer conceder aos profissionais da educação um percentual abaixo da inflação. Isso é imoral, isso é inaceitável”, criticou.
Guedes também cobrou coerência dos parlamentares aliados do prefeito. Segundo ele, a base governista precisa decidir se vai “votar um projeto inconstitucional que não repõe a inflação” ou se vai exigir correção do erro. Além disso, o vereador ressaltou que a proposta não apresenta nenhum ganho real, sendo apenas uma reposição inflacionária, ainda assim incompleta.
“Não é um reconhecimento, é só uma reposição e ainda mal feita. O ideal seria ter um ganho real, algo que mostrasse a valorização da categoria”, completou Guedes.
Confira a fala:
Rodrigo Guedes aponta ilegalidade no reajuste de 5,48% para professores em Manaus pic.twitter.com/m59DhOnX7a
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) June 16, 2025
Zé Ricardo propõe reajuste de 10%
Outro a levantar voz contra o reajuste foi o vereador Zé Ricardo (PT). Para ele, a proposta da prefeitura é vergonhosa e desvaloriza os profissionais da educação que, segundo ele, são fundamentais para o desenvolvimento da cidade.
Zé Ricardo apresentou uma emenda ao Projeto de Lei para garantir um aumento de 10% aos professores. Ele explicou que a Lei de Responsabilidade Fiscal permite essa margem sem causar desequilíbrio nas contas públicas.
“Essa proposta de 5,48% é muito pouco e gera uma situação constrangedora de desvalorização. Fiz uma emenda para 10% porque a lei permite e há uma margem folgada no orçamento. É um absurdo que a Prefeitura não valorize os profissionais da educação quando há dinheiro disponível para isso”, afirmou o vereador, em tom de indignação.
Veja vídeo:
Zé Ricardo propõe reajuste de 10% para os professores de Manaus pic.twitter.com/oHm2BF19HH
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) June 16, 2025
Professores pressionam vereadores
O movimento dos professores ganhou força na última semana, quando conseguiram adiar a votação do projeto graças a um pedido de vistas de Rodrigo Guedes. No entanto, a proposta deve voltar à pauta ainda esta semana. Diante disso, o Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom Sindical) solicitou oficialmente que o projeto não seja votado até que haja uma nova proposta do Executivo.
Para os trabalhadores, o reajuste de 5,48% não cobre as perdas salariais e não reconhece a importância dos profissionais da educação. Em assembleia da categoria, o percentual foi rejeitado por unanimidade. O sindicato defende a reabertura imediata das negociações com a Prefeitura de Manaus para garantir um aumento de, no mínimo, 10%.