“Trump descartou Bolsonaro porque não suporta perdedores”, diz ex-embaixador dos EUA

Donald Trump e Jair Bolsonaro (Foto: reprodução)
Em entrevista à BBC News Brasil, John Feeley, ex-embaixador dos EUA no Panamá e considerado um dos maiores especialistas em América Latina do Departamento de Estado americano, comentou a situação política do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Segundo Feeley, o presidente americano Donald Trump teria passado a ver o seu aliado político como “um perdedor” após a prisão dele por autoridades brasileiras, e por isso o teria descartado.
“Assim que Bolsonaro perdeu, ou seja, assim que foi condenado e preso, Donald Trump o viu como um perdedor, e se há algo que Donald Trump não tolera são perdedores”, declarou.
Ele continuou:
“Não acho que Donald Trump saiba muito sobre Bolsonaro. Posso quase garantir que ele não acorda todos os dias pensando no Brasil. E assim que Bolsonaro deixou de ser uma referência na política brasileira e o Estado de Direito e a justiça democrática prevaleceram no Brasil, Donald Trump simplesmente o descartou”.
Feeley também classificou Trump como um “narcisista” e uma pessoa com a qual é quase impossível de negociar. Por isso, na opinião dele, a queda das tarifas econômicas impostas aos produtos brasileiros e a retirada de sanções contra autoridades brasileiras pode ser considerada “sorte”. Ele disse:
“Acho que Lula, francamente, teve sorte. E eu encorajaria tanto Lula quanto praticamente qualquer líder a se manterem fora da órbita de Trump, na medida do possível”.
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Entenda o caso: EUA vs Brasil
Os Estados Unidos impuseram, em julho, tarifas de 40% sobre diversos produtos agrícolas importados do Brasil. Posteriormente, incluíram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Barci de Moraes, da lista de sancionados pela Lei Magnitsky.
Tudo aconteceu em meio a pressões do governo de Donald Trump para tentar influenciar o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Feeley considera, em sua avaliação, que ambos os fatos foram decorrência do lobby do ex-deputado Eduardo Bolsonaro, autoexilado nos EUA, em Washington.
Porém, em novembro Trump assinou um decreto suspendendo as tarifas, e há duas semanas as sanções sobre Moraes e sua esposa também foram suspensas.
*Com informações de Folha de S. Paulo






