“Minha origem é o que me define e me move”. Essa frase destacada nos perfis das redes sociais de Tadeu de Souza, vice-governador do Amazonas, pode não significar muita coisa para quem lê, mas carrega uma simbologia muito característica do político. Quem ainda não conseguiu entender essa mensagem, vai compreender como ela veste bem o que Tadeu quer propor para o eleitorado.
Um advogado, mais de 25 anos de experiência no serviço público, comandou a Procuradoria-Geral do Estado e foi secretário-chefe da Casa Civil da Prefeitura de Manaus, e claro, um grande amigo do Prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), que tinha o objetivo de ter uma pessoa de confiança para o cargo de vice-governador do Estado. A ideia “vendida” para Wilson Lima à época, que buscava à reeleição, é de ter alguém que não quisesse se reeleger quando ele deixasse o governo, foi aí que David Almeida formou aliança com Wilson Lima (União Brasil) para as eleições de 2022, visando o governo estadual de 2026. Uma moeda de troca que traria investimentos a médio prazo.
Àquele tempo, Tadeu ainda não tinha vislumbrado os holofotes. Tímido, pouco falava nos pronunciamentos, e chegava até gaguejar com o nervosismo às câmeras, a presença quase inexistente nas coletivas de imprensa sendo uma “sombra” de Wilson Lima. A imagem ainda era de um servidor público que assumiu um posto como peça de um acordo.
Foi com essa maneira acanhada de ser Tadeu acordou pro jogo. O estalo de dedos surgiu com o rompimento de Almeida e Lima. Segundo revelou à época David, Wilson apresentou “condições inviáveis” para dar seu apoio e o acordo se desfez. O prefeito não quis entrar em detalhes sobre quais teriam sido as exigências do governador.
Durante esse período, Tadeu passou a integrar ainda mais a equipe de Almeida nas campanhas do então Prefeito à reeleição, e ainda tomou posse, na presidência municipal do Avante em Manaus. O Avante possui a maior bancada da Câmara Municipal de Manaus (CMM) e a segunda maior da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), com cinco deputados estaduais, garantindo ao Tadeu o protagonismo eleitoral que buscava.
A estratégia fez com que Tadeu se afastasse completamente de Wilson Lima, mas segundo ele, por parte do governador do Estado.
“Inclusive, faz algum tempo que eu não converso com ele. Houve um certo distanciamento, alguns meses antes do início do período eleitoral de 2024″, afirmou Tadeu em entrevista ao jornalista Cláudio Barbosa.
E foi ai que o vice-governador comentou sobre a possibilidade que surge em seu caminho para assumir o cargo de chefe de Executivo do Estado
“Eu estou na linha de sucessão do Poder Executivo e, por mandamento constitucional, assumiria como governador caso o Wilson saísse como candidato ao Senado”, declarou à época.
Tadeu e sua agenda de (quase) governador
Aproveitando o embalo, o vice-governador reformulou suas redes sociais no início deste ano, criando uma narrativa de sucesso com o claro objetivo de agarrar ao cargo que deverá assumir – o Governo do Amazonas -, status de competência.
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Ao exercer o cargo de vice-governador do Amazonas, Tadeu diz que sua atuação não vai interferir nas atividades institucionais, e isso já tinha sido acordado com Lima e Almeida.
“O governador Wilson Lima, o prefeito David Almeida e eu compreendemos muito bem as nossas posições. A gente tem, por exemplo, em andamento várias parcerias do Governo do Estado com a Prefeitura de Manaus. Isso é uma demonstração de amadurecimento, que cada um exerce sua liderança partidária e que não se confunde com a gestão pública”, frisou ano passado, durante o evento do Avante, que consagrou sua direção municipal no partido.
Desde então, o vice-governador cumpre uma agenda que chega a ser mais intensa que a do próprio governador do Estado. Cercado por reuniões, coletivas e visitas. Lideranças politicas, prefeitos do interior do Estado, eventos institucionais e até em inaugurações da Prefeitura de Manaus.
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As proximidades, segundo o vice-governador, marcam “o compromisso em trabalhar em conjunto para que possamos alcançar resultados ainda melhores”. Tadeu quer mostrar que o diálogo entre o Executivo e o Legislativo é fundamental no avanço de políticas públicas, demonstrando ainda mais o distanciamento escancarado de Lima em assuntos de interesse coletivo. A ação mostra uma imagem de Tadeu como mais amistoso e apaziguador em relação as tratativas de recursos. Criando um personagem mais cativo para os eleitores.
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As visitas em seus gabinete são um assunto à parte. Devido a experiência que conquistou como servidor público, consegue atingir todos os meios. Reuniões com a procuradora-geral de Justiça, Leda Mara Albuquerque; a subprocuradora-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos e Institucionais, Anabel Vitória Mendonça de Souza; e o diretor-geral do MPAM, Marlon André Mendes Bernardo, firma tanto o Estado como o MP-AM como parceiros estratégicos na orientação e execução de políticas públicas.
Com os vereadores de Manaus, algo bastante recorrente, Tadeu consegue recebê-los e orientá-los para direcionar recursos ou emendas em diversos segmentos importantes para a cidade. Antes do inicio dos trabalhos, se reuniu com a maioria dos parlamentares e recebeu o convite para a solenidade de abertura. Atualmente, o gabinete do vice-governador, ainda recebe os vereadores para tratar de demandas.
Vale destacar que o vice-governador do Amazonas, Tadeu de Souza (Avante), chegou a conduziu a primeira reunião de alinhamento em torno do novo programa federal “União com Municípios”, onde conversou com lideranças do interior.
Tadeu também se posiciona como “protagonista” em debates nacionais de interesse para o Amazonas. Um exemplo disso foi sua participação em Brasília, onde encaminhou propostas para a PEC da Segurança, elaborada pelo governo federal, com foco em fortalecer a proteção das fronteiras do estado.
Nesses momentos, o vice-governador consegue se destacar sozinho, mostrando com expertise como comandar o Estado.
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A vitrine que ele vende, completamente diferente do que era, marcou um ar de independência do Executivo Estadual, que mexeu com o jogo político. Tadeu passou a ser mais do que um fomentador, transformando-se o contrário há quatro anos, praticamente um tesouro direto que pode ser direcionado a um grande investimento. E nesse ponto, se trata das eleições de 2026.
Peças em jogo: Tadeu em cena
Tadeu já mostrou que está preparado para continuar servindo ao interesse público, mas deixou claro que sua atuação depende do grupo político ao qual pertence.
“Me sinto preparado para seguir trabalhando em favor do interesse público, seja num cargo eletivo ou não. Isso quem decidirá é a conjuntura político-partidária avalizada pela população. Não tenho projeto político individualizado, com pretensões messiânicas. Mas tenho um grupo político forte, e esse grupo comanda a maior cidade do Amazonas”, afirmou ao Cláudio Barbosa.
No Tesouro Direto, há duas taxas existentes. Uma é cobrada pela sua Instituição Financeira e outra, cobrada pela B3, referentes aos serviços prestados. Aqui vamos definir a primeira cobrança pelos seus aliados, e a segunda, pela atuação nos bastidores, proximidades e conversas.
Esses são sinais dos bastidores da eleição do próximo ano que vão ficando mais escancarados à medida que os blocos partidários vão se alinhando. Caso o governador Wilson Lima (União Brasil) decida renunciar ao cargo para disputar uma das vagas ao Senado nas eleições de 2026, o vice-governador Tadeu de Souza (Avante) assumirá o comando do Governo do Amazonas.
Nesse período, Tadeu terá o controle da administração estadual e a possibilidade de decidir se disputará a reeleição ou se apoiará outro candidato ao governo. Lembrando que o mesmo tem um carinho pelo senador Omar Aziz (PSD), cotado como candidato, aliado de David Almeida (Avante).
Ai, dependendo da escolha, Tadeu pode se tornar um estrategista dos grupos aliados que disputarão o governo e o Senado, como aconteceu com Vivaldo Frota, que completou o mandato de Amazonino Mendes em 1990, após sua renúncia para disputar o Senado.
Pelo Código Eleitoral, ao assumir o governo, Tadeu só poderá concorrer como candidato a governador. Caso quisesse disputar como vice em outra chapa ou outro cargo, precisaria renunciar, abrindo espaço para que a função fosse ocupada pelo presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), deputado Roberto Cidade (União Brasil).
Neste caso, Tadeu assume o cargo e busca a reeleição, repetindo uma estratégia que foi bem-sucedida para Omar Aziz, que, ao substituir Eduardo Braga em 2010, venceu a eleição para governador no mesmo ano.
No entanto, o desafio político será enorme para o vice-governador, para ter que decidir entre essas duas escolhas, Tadeu, apesar de ser bem influente, ter uma postura dominante e se destacar nas agendas, precisa montar uma grande aliança política e eleitoral, conseguir pactuar governança com o grupo político do atual governador e ainda enfrentar as decisões dos aliados.
Mas para isso, precisará ir além de mostrar suas origens para o eleitorado, apesar de ter uma visibilidade nas redes sociais, mover as peças do jogo nos bastidores e alinhamentos políticos, tanto na capital como no interior, deve ser também uma meta ser colocada como prioridade em sua trajetória que caminha para 2026.
A estratégia de Tadeu ainda está apenas começando…