Maria do Carmo Seffair Lins de Albuquerque, é empresária, contadora, advogada, educadora, e agora, surge como um nome a lançado pelo Novo como pré-candidata ao Governo do Estado em 2026. Estreante na política eleitoral, Maria do Carmo tornou-se figura forte na campanha de 2024 na capital amazonense, concorrendo como vice de Alberto Neto.
A Professora também é Mestre em Direito Processual pela USP e Doutora em Direito pela PUC-Minas. Maria do Carmo fundou a Fametro – atualmente uma das maiores Instituições de Ensino do Norte/Nordeste do Brasil. Administra, também, a Faculdade Santa Teresa, o novo Tropical Hotel Amazônia e a Santa Casa de Misericórdia/AM.
Em entrevista à jornalista Ana Flávia Oliveira, da Rede Onda Digital, Maria do Carmo destacou suas metas e projetos para o futuro, incluindo melhorias para a Educação no Amazonas, incentivo ao empreendedorismo e fortalecimento em novas matrizes econômicas para desafogar a Zona Franca de Manaus, além de falar sobre o cenário eleitoral visando as eleições do próximo ano, ser um forte exemplo para candidaturas femininas e opiniões sobre o determinados temas e assuntos.
Leia a entrevista na íntegra:
Rede Onda Digital – Como chegou nas conversas para se colocar à disposição para disputar uma vaga no Governo do Amazonas?
Maria do Carmo – Então, a gente pensa com aquilo que a gente tem, a minha vez sempre foi de execução, eu sou gestora, eu gosto de fazer, eu gosto de trabalhar, realizando, o processo do legislativo porque ele é diferente, ele é uma construção, né, de ideias, ideais, mudanças na legislação para que a gente venha trazer benefício para o povo. Eu, talvez se eu fosse 20 anos mais jovem, eu me lançasse algum cargo no legislativo, que viesse a ser, vamos dizer, quem sabe, uma deputada, uma velha, mas hoje eu já tenho um caminho percorrido na gestão do empreendedorismo, mas já criamos aqui, a gente já tem um legado. Na vida privada, a gente já tem uma história, principalmente na área da educação de transformação, e aí a gente quer agora, vamos avançar para as águas mais profundas, que é contribuir para a mudança no Estado, então nesse sentido a gente se lança em uma pré-candidatura, porque talvez a gente tem que aguardar, que isso é tudo uma construção bem à questão partidária, não é o que eu quero, mas é o que todos querem, aquela conjunção, “ela seria nossa candidata, pré-candidata ideal”, eu nesse ponto me coloco como uma opção.
Rede Onda Digital – Inclusive, você estreou na política como vice do Alberto Neto, né? Isso já foi uma espécie de “esquenta” para você sentir como seria esse pleito?
Maria do Carmo – Sem dúvida, é interessante a gente pontuar isso porque há uma diferença entre você ser político, quando eu falo ser um político, e você estar na política partidária, que é bem diferente. Então você tem que ter um partido, você tem que buscar o voto, correr atrás do eleitor para que ele veja as suas ideias, te conheça, foi um esquenta, de fato.
Rede Onda Digital – Você sentiu um pouco a pressão, né?
Maria do Carmo – Não tenho dúvida, foi um aprendizado e um itensivão para quem há pouco mais de três anos não só trabalha mesmo nas minhas empresas, foi realmente um aprendizado imenso, e assim, eu sou muito grata por esse processo, porque eu acho que a vida é isso, aprendizado, eu estou aprendendo todos os dias. Mas sempre dentro daquilo que eu me propus, ou seja, não mudar a minha razão de ser, a minha razão de estar na política, que é de trazer, contribuir para trazer transformação para cá, no caso, para o nosso estado e daqui a gente irradia para o Brasil, quem sabe, né?
Rede Onda Digital – Se candidatar como Governo do Estado, seria um ponto fora da curva, uma única mulher disputando o cargo de Executivo Estadual no pleito de 2026. E se congraçasse isso nas urnas, seria histórico ter uma mulher à frente, diante de tantos anos o cargo ser representado por homens.
Maria do Carmo – Acho que o momento é propício justamente porque hoje as mulheres, elas assumiram, hoje a gente vê aí o protagonismo, e eu posso te falar com toda clareza, até dentro do ambiente universitário, antigamente as salas, vamos dizer assim, determinados cursos, como engenharia que eram tidos como masculinos, hoje a maioria de adultos são mulheres, medicina são mulheres. Então assim, você observa o protagonismo da mulher nessa, vamos dizer assim, transformação que a sociedade tem. Acho que até usando realmente as nossas capacidades que são reconhecidas, inclusive eu sou mestre nisso, mas a gente lê, a mulher tem habilidade de fazer várias tarefas ao mesmo tempo, tem um raciocínio diferente do homem e que. Pode agregar em tudo que tem agregado. A gente vê que a mulher está assumindo cada vez. Na política, ainda é insipiente, mas eu acho que a gente precisa assumir o protagonismo e quem sabe aí o cargo, o cargo no Executivo, ele é uma vitrine enorme e vai servir certamente de incentivo a outras mulheres se lançarem na política. Incentivo mesmo, até porque a gente tem um eleitorado muito grande de mulheres, tem mais mulheres do que homens.
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Rede Onda Digital – Será que as eleitoras não se sentem muito “intimidadas” em ter que votar numa mulher? Será que não é receio ou alguma coisa assim? Porque a gente teve muita candidata vereadora nessa última eleição e não teve renovação.
Maria do Carmo – Eu vou dizer uma coisa, que aí é meu ponto de vista como mulher. Quando eu vou escolher uma pessoa para votar, eu escolho pela identidade de propostas e às vezes acho que as mulheres pecam na proposta. Que oferecem. Quando você não se destaca por alguma coisa diferente, se você não sensibiliza a proposta para outra mulher que a trai ela para mostrar que você entendeu a dor da mulher ou a necessidade das mulheres, qual é a mulher que você já viu aqui levantando a bandeira de que a gente precisa de muitas frentes de apoio para a mulher trabalhar? Porque a gente sabe que por mais que você fale, a mulher assume aquela responsabilidade de cuidar do filho, então é ela que planeja. Tem gente, inclusive meus filhos são assim super companheiros das mulheres, dividem o trabalho, mas ainda é uma mentalidade de minoria, e outra, tem muita mãe solo. Então, falta identidade de propostas que busquem realmente abrir caminho para a mulher. A gente sente essa falta, a gente vê a bandeira animal, a gente vê. Milhares de bandeiras que, às vezes, é a mesma que um homem tem e que não pensou numa mulher. Então, assim, acho que eu, por exemplo, se eu fosse escolher, eu não ia escolher. Ah, vou escolher porque ela é mulher. Não. Você escolhe porque tem uma proposta que te cativou, que te chamou a atenção e que você quer ajuda para aquele setor, para aquela área específica. Eu sempre digo isso. A minha crítica para as mulheres que são candidatas, ou que não são eleitas, é que elas não dialogam com as mulheres. Porque, por exemplo, eu acredito que eu vou ter uma boa adesão porque eu sempre me coloco assim. Sou uma mulher que sei o que uma mulher passa para fazer isso.
Rede Onda Digital – Por que escolheu o partido Novo para sua candidatura?
Maria do Carmo – Com as propostas, com valores, princípios, essas coisas que tem dentro de um partido. Hoje a gente fala com mais clareza que isso é ser de esquerda ou de direita. Então vamos dizer assim, eu me considero que eu sempre fui liberal, sempre fui conservadora por questões de valores mesmo, e eu acho que toda pessoa que está na iniciativa privada ela entende que ser de esquerda, que é meio que ser socialista, não se coaduna com os princípios que a gente tem na vida privada, na iniciativa privada. Então foi isso, uma questão só de identificação mesmo com o partido. Eu não poderia me, dizer assim, filiar ao PT.
Rede Onda Digital – O que a motivou a entrar na política?
Maria do Carmo – Olha, a vontade de mudar, de ser agente de transformação. Eu acho que esse é o principal, que a política, na verdade, ela é para isso. E a gente vê hoje que a política se tornou, vamos dizer assim, entrópica, ela vira para dentro dela para os políticos e esquece do porquê ela deveria existir, quer para beneficiar a sociedade como um todo. Então foi isso, eu penso que como cidadã, eu acho que qualquer pessoa sente que a política ela meio que estagnou, se a gente observar, principalmente aqui, no Amazonas, na cidade de Manaus, a gente tem aí uma paralisação de vinte, eu diria até de quarenta anos, porque, na verdade, tudo que foi construído e que, vamos dizer assim, foi criado por alguém, parou. Não sofreu mudança, não avançou, ou seja, as pessoas além de não criarem, elas não melhoram aquilo que se tem, então isso é muito ruim, porque o custo é muito alto, principalmente para a população, então eu acho que quem trabalha, empreende, que é ouvir de perto o cliente dele, ele se obriga permanentemente a ter mudança, coisa que a gente não vê na política, e não deveria ser diferente, então foi isso, por isso que eu vim para a política, para contribuir, quem sabe, pode ser pretencioso, servir de inspiração para os mais jovens que estão entrando na política, para ver se eles fazem isso ao invés de voltar a olhar para essa política velha, né?
Rede Onda Digital – Existe alguma iniciativa para diversificar a economia do Amazonas e reduzir a dependência da Zona Franca de Manaus?
Maria do Carmo – Sem sombra de dúvida, olha, isso daí eu já ouvi de gente que fez muitos estudos para gente aqui de viabilidade de tudo, Manaus tem turismo como matriz econômica e outras coisas que a gente tem aí que é gás natural, a questão da indústria de pescado, como é que a gente não trabalha tendo um maior rio do mundo que esporta peixe? falta de visão, são matrizes econômicas que deveriam ter o olhar dos governantes. Mas outra coisa, eu conversei com o professor Samuel Nanã que a gente conversava, ele fala assim que a nossa lei de incentivos fiscais aqui está esclerosada que tem que ter uma nova lei, lei de incentivos fiscais do Estado, porque o Estado tem que incentivar, daí o dinheiro vem, agora a gente quer investir. Você abre mão de algumas coisas, mas vai ter o benefício de um reverso, então ele fala isso, que a nossa lei está esclerosada, então a gente tem que ter novas atividades, então a gente tem que fazer essa Zona Franca muito melhor do que ela é hoje, hoje ela está subutilizada, está mal utilizada, está envelhecida, a gente precisa melhorar, é que nem o resto.
Rede Onda Digital – Outro assunto também é a BR319.
Maria do Carmo – Pode ter certeza que, se eu tiver algum dia sorte, ela vai sair. é só de campanha, o pessoal entra, aí começa e não vai com essa turma, ah, tá há 20 anos e não sai, vai sair agora?
Rede Onda Digital – Como professora e empresária da educação, qual a sua avaliação nas políticas públicas em relação ao ensino no Amazonas e o que pode ser feito para trazer melhorias?
Maria do Carmo – Olha, eu acho que na educação como um todo, no ensino como um todo, a gente precisa encarar a realidade, a gente precisa ter sala de aula, então assim, hoje o próprio MEC está começando a trabalhar, por quê? Porque daqui a pouco, com essa globalização tem, a gente fala de globalização há uns 20, 25 anos, por aí que começou, mas hoje expõe muito você saber que o Brasil está nos piores rankings do PISA, né, lá para baixo, a educação ainda é muito deficiente e a gente tem que colocar na cabeça do aluno que o conhecimento é que abre portas, a gente vê como isso faz diferença. Eu posso falar aqui na faculdade, porque a gente realmente trabalha focando nisso. Então, falta, sim, seriedade dos governantes na condução das políticas de educação. Seriedade para não mascarar números e para colocar realmente a criança de posse daquilo que ela precisa para ela ter um instrumental correto para avançar. Então, começa no ensino fundamental, vai para o médio para ela chegar no superior, capacidade total em condições de competir com qualquer outro aluno. Os livros são os mesmos, não tem livro diferente, o que há, o que você faz com aquele livro. Mas, na educação, ainda se deixa muita coisa solta. A gente não tem essa cultura de estar cobrando. Então, sim, hoje muita gente às vezes foca em tecnologia, foca, mas você não adianta você ter tecnologia, mesmo se você não tem conhecimento para utilizar a tecnologia. Educação a gente precisa de muita coisa, ainda um trabalho muito grande a ser feito, eu tenho certeza que num dia que a gente fizer um trabalho de pegar na mão, e tem exemplos né, mas eles são muito isolados, então eles não podem servir ainda de parâmetro e a gente vê que há um avanço mais do sul, sudeste, e aí vai caindo, então a gente tem muita coisa para fazer nessa área, mas o governo pode ajudar, eu acho que é fundamental que se tenham essas políticas.
Rede Onda Digital – O que pode ser feito para incentivar o empreendedorismo e o desenvolvimento econômico no estado?
Maria do Carmo – Então, se você cria mecanismos para empreendedores, para eles gerarem emprego ou para a pessoa ter o seu emprego, seu trabalho sem depender do Estado, é o mundo perfeito. Salvo engano, aqui na Amazônia são mais de 123 mil microempreendedores. O que eles precisam? Formação permanente, porque 90% das empresas que acabam fechando antes do segundo ano, por falta de conhecimento do negócio, porque você tem a capacidade, você tem a veia empreendedora e nisso aí, principalmente as mulheres, elas dão aula disso, qualquer coisa pode se transformar numa microempresa. Eu conheço exemplos magníficos que criaram, venderam o seu negócio, já andando muito bem, por exemplo, de sopa, de bolo, de tudo, de planta. Precisam de formação permanente, qualificação deles, dados dos empregados deles, isso tem que ser aumentado em escala gigantesca, incentivados com microcrédito ou crédito facilitado, não só no micro, mas muita gente precisa do micro, principalmente nas periferias. Por exemplo, eu andei pela periferia e muitas eram assim, “ah, eu costuro, as pessoas serviram para ter sua receita? Ah, eu sou costureira”. Ah, e se pudesse melhorar seu negócio? “Poxa, eu precisava de uma máquina nova”. Quanto é a máquina? 500 reais, 600 reais, é tão pouco, quer dizer, mas para a pessoa é difícil ela tirar da receita dela para investir no negócio.