O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou, nesta segunda-feira (17), a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 com a ditadura militar, que vigorou no Brasil por 21 anos. As declarações foram dadas durante a posse do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília.
O pronunciamento do presidente ocorre um dia após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participar de um ato a favor da anistia dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Lula afirmou que os eventos recentes possuem os mesmos “métodos” vistos durante a ditadura.
“Por trás dos episódios estão os mesmos ideais autoritários, métodos violentos e os mesmos agentes saudosos dos porões da ditadura”, declarou.

Durante o discurso, o presidente destacou a importância da OAB na luta pela democracia. Ele lembrou que a entidade foi uma das primeiras a se manifestar contra o golpe militar de 1964 e a denunciar casos de tortura e desaparecimentos forçados, citando o exemplo do deputado Rubens Paiva, desaparecido durante o regime.
Lula também alertou para o ressurgimento do fascismo em novas formas e disse que a intolerância política atingiu um nível extremo no Brasil, culminando na tentativa de golpe de 2022.
“Nos deparamos com cenário global em que o fascismo ressurge sob novas formas. No Brasil, a intolerância política chegou ao extremo na tentativa de golpe contra a democracia”, afirmou.
Veja o trecho do discurso:
🗣️ Lula compara suposta tentativa de golpe de 2022 a ditadura militar: “Mesmos ideais autoritários e métodos violentos” pic.twitter.com/pAFIe66TcJ
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) March 18, 2025
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A suposta tentativa de golpe contra Lula
Um relatório da Polícia Federal (PF), com 884 páginas, concluiu que Jair Bolsonaro foi a liderança central da trama golpista para se manter na Presidência da República após a derrota nas eleições de 2022. A investigação identificou seis núcleos envolvidos na conspiração:
- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
- Núcleo Responsável por Incitar Militares;
- Núcleo Jurídico;
- Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
- Núcleo de Inteligência Paralela;
- Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

Entre os indiciados estão ex-ministros do governo Bolsonaro, como Anderson Torres (Justiça), general Augusto Heleno (GSI) e Braga Netto (Defesa). O ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, também foram apontados como peças-chave da conspiração.
A PF também revelou que havia um plano para assassinar o presidente eleito Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. O grupo por trás do complô era formado majoritariamente por militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”. Os investigados tinham como objetivo impedir a posse do governo eleito e instaurar um regime autoritário.
PGR denuncia ex-presidente Jair Bolsonaro
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, no dia 18 de fevereiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento numa trama golpista apontada pela Polícia Federal.
Bolsonaro é acusado pelos seguintes crimes:
- organização criminosa armada;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;
- e deterioração de patrimônio tombado.
Esta é a primeira vez que Bolsonaro é denunciado criminalmente perante o Supremo Tribunal Federal (STF) desde que se tornou presidente. Assinada pelo procurador-geral Paulo Gonet, a denúncia foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes.
A acusação representa a etapa mais avançada de uma investigação contra o ex-presidente no STF. Ao longo dos últimos anos, a Polícia Federal concluiu que o político cometeu crimes em ao menos cinco investigações que tramitam no tribunal. Em três delas, Bolsonaro foi indiciado.
A PF concluiu que ex-presidente cometeu crimes e o indiciou na investigação que apura fraude em seu cartão de vacinação, na apuração que mira a venda de joias sauditas presenteadas ao governo e, posteriormente, negociadas nos Estados Unidos, e nesta sobre a trama golpista.