O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta quarta-feira (28/5), durante a cerimônia de entrega do 1º Trecho do Ramal do Apodi, no sertão da Paraíba, que “Deus deixou o sertão sem água” porque “sabia” que ele um dia se tornaria presidente da República e levaria o recurso para a região Nordeste.
A declaração ocorreu em meio à entrega de uma das obras mais simbólicas do Plano de Transposição do Rio São Francisco, que, segundo Lula, promete mudar a realidade de milhares de nordestinos.
“Era uma obra que muita gente não acreditava que a gente fosse fazer. Porque fazia 179 anos. Não estou falando de dez anos, estou falando de 179 anos que se prometia água para essa região. E eu, graças a Deus, descobri uma coisa: Deus deixou o sertão sem água porque sabia que eu ia ser presidente da República e ia trazer água pra cá”, afirmou Lula, arrancando aplausos dos presentes.
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“Deus deixou o sertão sem água porque sabia que eu ia trazer”, diz presidente Lula pic.twitter.com/zJ06grQ6D7
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) May 29, 2025
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A cerimônia fez parte da jornada Caminho das Águas, iniciativa do Governo Federal no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), que reúne mais de 70 projetos de infraestrutura hídrica. O Ramal do Apodi, na Barragem Redondo, localizada próximo a Cachoeira dos Índios, é considerado uma das mais importantes dessas obras, especialmente por sua abrangência e impacto social.
Ramal do Apodi vai beneficiar 750 mil pessoas
Com uma extensão de 115,5 km, o Ramal do Apodi conecta a Barragem Caiçara, na Paraíba, à Barragem Angicos, no Rio Grande do Norte. A estrutura foi projetada para uma vazão de 40 metros cúbicos por segundo, garantindo uma distribuição significativa de água para as regiões atendidas. A obra foi iniciada em 2021 e, atualmente, está com 74,83% de execução concluída.

O investimento total no Ramal do Apodi é de R$ 1,45 bilhão, com previsão de conclusão integral para outubro de 2026. Quando finalizado, o empreendimento atenderá aproximadamente 750 mil pessoas, distribuídas em 54 municípios nos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte.
A iniciativa é considerada estratégica para a segurança hídrica do semiárido nordestino, especialmente para populações que há séculos sofrem com os efeitos das secas prolongadas e da escassez de água potável.
Lula relembra sua infância marcada pela seca
Durante seu discurso, o presidente Lula fez um relato pessoal e emocionado sobre sua infância e a relação com a seca no Nordeste.
“Saí de Pernambuco com sete anos de idade, em 1952, por causa da seca. A razão pela qual a minha mãe colocou oito filhos dentro de um pau de arara foi devido à falta de água”, relembrou.

Lula aproveitou para fazer uma crítica contundente aos antigos governantes, responsabilizando-os pela situação de abandono enfrentada pela população nordestina ao longo das décadas.
“A seca é um fenômeno da natureza, sempre vai existir a seca, mas a fome por causa dela é falta de vergonha na cara das pessoas que governam esse país e seus estados”, afirmou, sendo ovacionado pelo público.

O presidente também mencionou as resistências políticas que enfrentou quando decidiu investir na transposição das águas do Rio São Francisco.
“Quando pensamos em trazer as águas do São Francisco para a região seca, muita gente foi contra”, destacou.