Deltan Dallagnol, ex-procurador que chefiou a força-tarefa da operação Lava Jato em Curitiba e que ficou famoso ao apresentar o notório PowerPoint mostrando a suposta culpa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em crime de corrupção, pediu ao Podemos, seu partido, acesso a recursos do fundo eleitoral para financiar sua campanha a deputado federal nestas eleições.
No passado, Dallagnol se mostrou bastante crítico do fundo eleitoral, chegando a fazer parte de uma campanha em 2017 contra a reforma eleitoral que ampliou o financiamento público de eleições. À época, ele escreveu em post de Facebook:
“Em vez de proibirem as caríssimas produções de marketing televisivo (filmagens holywoodianas passadas no horário de campanha eleitoral da TV) e valorizarem o debate de ideias, fizeram o inverso, propondo a expansão do valor do fundo partidário para R$ 3,6 bilhões, 0,5% do orçamento, em tempos de crise e de aumento dos impostos. Além disso, tudo indica que a distribuição do fundo para candidatos ficará nas mãos dos caciques partidários, em grande medida a Velha Política”.
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Em 2018, ele chegou até a criar uma proposta para extinguir o financiamento público de campanha.
Dallagnol deixou o Ministério Público Federal em 2021 e concorre a uma vaga na Câmara pelo Paraná. O Podemos repassou à campanha dele R$ 50 mil, oriundos de doação de pessoa física, e o ex-procurador arrecadou R$ 253,2 mil com financiamento coletivo e cerca de R$ 32 mil com doações de pessoas físicas —dos quais R$ 30 mil vieram do senador General Girão (Podemos), um dos investigados no inquérito dos atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF).