A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) voltou a movimentar as redes sociais após trocar mensagens públicas com o rapper Oruam, filho do traficante Marcinho VP, um dos nomes mais conhecidos do Comando Vermelho. A conversa, que começou com um apelo do artista por uma mobilização contra a violência do Estado nas favelas, desencadeou reações acaloradas nas redes.
A polêmica teve início no domingo (8/6), quando Oruam usou o X (antigo Twitter) para expressar indignação diante da morte de um jovem em uma festa junina realizada em uma comunidade do Rio de Janeiro.
Segundo relatos, o rapaz teria sido atingido durante uma ação violenta da Polícia Militar.

Sensibilizado com a situação, o rapper declarou seu desejo de se tornar uma figura ativa na luta contra o sistema que, segundo ele, oprime a juventude periférica. A manifestação pública de Oruam recebeu resposta de Erika Hilton, que se colocou à disposição para colaborar com o artista.
Em sua resposta, a deputada sugeriu que ele se aproximasse de movimentos sociais que atuam nas periferias e enfrentam, diariamente, a violência policial e outras formas de opressão estatal.
“Oi, Oruam […] A transformação vem, principalmente, da organização coletiva. Não existe saída individual pra problemas que são estruturais”, escreveu Erika Hilton.
Veja:

Hilton ainda convidou o músico a conhecer lideranças comunitárias e organizações populares com histórico de atuação contra a violência estatal. No entanto, a tentativa de construir um diálogo com Oruam não foi bem recebida por parte da opinião pública.
Internautas de diferentes espectros ideológicos criticaram a iniciativa da deputada, apontando que sua atitude poderia ser interpretada como uma forma de “legitimar criminosos”, já que o artista é filho de um dos líderes do Comando Vermelho.
Internautas destacaram que Oruam já foi acusado de homofobia em ocasiões anteriores — um ponto sensível, considerando que Erika Hilton é a primeira deputada federal trans eleita por São Paulo e tem como bandeira principal os direitos da população LGBTQIA+.
Veja alguns dos comentários:
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Diante da repercussão negativa, a parlamentar usou novamente suas redes sociais para se defender. A parlamentar afirmou que jamais convidou Oruam para se filiar a qualquer partido político, tampouco para participar de reuniões partidárias.
Seu objetivo, segundo ela, foi incentivar a consciência política e a mobilização coletiva como ferramentas de transformação social.

“Se os filhos fossem responsáveis pelos crimes dos pais, metade dos gays do Brasil estariam presos por homofobia”, declarou Hilton em resposta a quem a criticava por conversar com o filho de um traficante.
“Não conversei com Oruam ontem por ser fã, por apoiar suas falas misóginas, seu pai ou seu tio. Conversei porque ele prestou apoio à família de uma vítima da PM. Porque foi protestar ao lado de uma comunidade que foi atacada a tiros por fazer uma festa junina. Porque ele queria saber como se organizar politicamente”, completou a deputada.
Leia a publicação completa:
Se os filhos fossem responsáveis pelos crimes dos pais, metade dos gays do Brasil estariam presos por homofobia.
Não conversei com Oruam ontem por ser fã, por apoiar suas falas misóginas, seu pai ou seu tio.
Conversei porque ele prestou apoio à família de uma vítima da PM.…
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) June 9, 2025