Na terça-feira (19/11), a Polícia Federal deflagrou a operação Contragolpe, revelando um suposto complô de militares para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
A investigação trouxe à tona mensagens interceptadas, que sugerem também intenções de promover um golpe de Estado.
Nos áudios, os militares utilizaram expressões como “quatro linhas da Constituição é o caceta” e “vamos ao vale tudo”, indicando um rompimento com a ordem legal. As conversas também mencionam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), insinuando que os militares aguardavam um sinal verde de sua parte para agir.
“Quatro linhas é o cara***”: Em 5 de novembro, o coronel Reginaldo Vieira teria incitado ações imediatas contra o governo eleito, criticando a postura passiva do grupo. Ele comparou a situação a um sapo em água fervente, sugerindo que os militares estavam sendo derrotados por falta de ação.
“O senhor me desculpe a expressão, mas quatro linhas é o cara***. Quatro linhas da Constituição é o caceta. Nós estamos em guerra, eles estão vencendo, está quase acabando e eles não deram um tiro por incompetência nossa. Incompetência nossa, é isso.”
“Primavera Árabe”: No mesmo dia, Reginaldo enviou um áudio sugerindo que o Brasil deveria passar por um movimento conhecido por sua violência e instabilidade.
“Vou lhe mandar um documento para o senhor ler falando sobre a primavera árabe que houve, que a população se movimentou através das redes sociais e os governos bloquearam as redes sociais, então os países de fora colocaram os provedores à disposição para que ocorresse a primavera árabe. Tem que ter a primavera brasileira.”
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“Não dá mais pra gente aguentar esta porra“: Em 4 de novembro, o general Mário Fernandes enviou um áudio ao general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência, pedindo para “inflamar a massa” nas ruas como o golpe de estado ocorrido em 1964:
“Mas Kid Preto, porra, por favor, o senhor tem que dar uma forçada de barra com o alto comando, cara. [..] Não dá mais pra gente aguentar esta porra, tá foda. Tá foda. E outra coisa, nem que seja pra divulgar e inflamar a massa. Pra que ela se mantenha nas ruas, e aí sim, porra, talvez seja isso que o alto comando, que a defesa quer. O clamor popular, como foi em 64.“
“Vamos para o vale tudo”: Um suposto líder evangélico identificado como Hélio Osorio Coelho declarou estar disposto a lutar contra o que chamou de “jugo comunista”, reafirmando apoio total a Bolsonaro caso o ex-presidente autorizasse ações contra o governo.:
“Vamos partir pra guerra, vamos pro vale tudo, entendeu? Eu estou disposto, entendeu, a lutar pelo meu país, porque eu tenho vários amigos aqui, tenho sobrinhos, sobrinhas pequenas, e eu não quero ver, né, não consigo enxergar os meus amigos, seus filhos, meus parentes, sob o julgo desses comunistas.”
“Pô presidente, a gente já perdeu tantas oportunidades”: Em 8 de dezembro, Fernandes enviou uma mensagem ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, insistindo na urgência de uma ação antes do fim do mandato de Bolsonaro. Ele chama Lula de “vagabundo” e critica as oportunidades perdidas para intervir.
“A gente não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porra, aí na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades.“