A defesa de Cleusimar e Ademar Cardoso, condenados por tráfico e associação ao tráfico de drogas, divulgou um vídeo inédito, nesta quinta-feira (29/05), onde mostram trecho da atuação da polícia durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão no salão Belle Femme, localizado no bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus, após a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido.
De acordo com os advogados da família, as imagens, que agora serão anexadas ao processo judicial, mostram que os investigadores responsáveis pela operação desligaram a caixa geral de energia elétrica no momento da diligência – o que, segundo a defesa, caracteriza conduta inadequada.
“Se havia um mandado judicial, por que não continuar gravando? Esse registro seria o respaldo mais legítimo da ação policial”, questiona o advogado Luke Pacheco, que atua na defesa.
Veja o vídeo divulgado pela defesa:
Defesa afirma ter vídeo que pode mudar rumos do Caso Djidja Cardoso pic.twitter.com/LJcwr399Du
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) May 29, 2025
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O caso envolve acusações de tráfico de drogas, cárcere privado e suposta atuação em uma seita religiosa, com o uso de cetamina no ambiente do salão. No entanto, a defesa sustenta que não há elementos suficientes para manter a narrativa acusatória.
Inconsistências no processo
“Estamos diante de um processo com graves inconsistências. Diante das provas dos autos, o que se vê são pessoas usuárias, não traficantes”, afirmou a advogada Nauzila Campos, que defende a maquiadora Claudiele Santos no processo.
Outro ponto levantado pela defesa diz respeito à tramitação do processo. Os laudos toxicológicos, embora concluídos desde junho de 2024, teriam sido anexados aos autos em novembro – pouco antes da sentença. Além disso, o total de substância apontado nos exames não ultrapassa 11ml, volume que, segundo a defesa, reforça o argumento de consumo pessoal e não de tráfico.
Reverter condenação
Com o vídeo, os advogados esperam a reanálise do caso e consideram que as imagens poderão reverter a condenação que classificam como desproporcional.
“A sentença é alta e não condiz com a realidade processual. Esperamos que, com esses elementos, a Justiça tenha a oportunidade de rever com isenção e responsabilidade todo o processo”, conclui Pacheco.
Os advogados dos condenados pela justiça alegam expectativa de novos desdobramentos no âmbito judicial.
Condenados na Justiça
Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja Cardoso, foram condenados a 10 anos e 11 meses de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico por uso indiscriminado de Ketamina, medicamento veterinário, utilizado como droga sintética durante a seita ‘Pai, Mãe, Vida’.

A decisão foi proferida no 17 de dezembro de 2024 pelo juiz Celso de Paulo, da 3ª Vara de Delitos de Tráfico de Drogas da Comarca de Manaus.
Além deles, também foram condenados com a mesma pena, o ex-noivo de Djidja, Bruno Roberto, a ex-gerente do salão de beleza da família, Verônica Seixas, o coach Hatus Silveira, o médico veterinário José Máximo e o sócio dele Sávio Soares.
A cabeleireira Claudiele Santos, o maquiador Marlisson Dantas e Emicley Araújo, o funcionário da clínica veterinária investigada no caso, foram absolvidos. O Ministério Público do Amazonas (MPAM) entendeu que os dois não tiveram envolvimento com o grupo durante o uso das drogas.
Relembre o caso
Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, foi encontrada morta dentro de casa, no dia 28 de maio de 2024, por suspeita de overdose de Ketamina.
Durante as investigações, a polícia revelou que a família de Djidja teria fundado a seita religiosa “Pai, Mãe, Vida” para promover o uso do medicamento veterinário, que causava alucinações, com a falsa promessa de elevação espiritual. O grupo foi denunciado por tráfico de drogas e associação para o tráfico.